Ex-ministro reafirma inocência e diz que se defenderá sozinho

  Válter Campanato / ABr
Válter Campanato / ABr

José Dirceu: ataques veementes
aos seus acusadores e às CPMIs.

Brasília (AE) – No segundo depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, o deputado José Dirceu (PT-SP) disse que está cada vez mais "convencido de sua inocência", que o motivo do processo que analisa a cassação do seu mandato não está ligado exclusivamente à denúncia sobre o ‘mensalão’, mas no interesse de julgamento da sua história política e na disputa pelo poder no Brasil. Acrescentou que não pode ser o único responsabilizado pelas atitudes do PT, argumentou que as decisões da campanha de 2002 foram compartilhadas entre os líderes petistas, inclusive o presidente Lula, mas disse que vai se defender sozinho.

"Volto ao Conselho de Ética cada vez mais convencido da minha inocência e cada vez mais convencido que nós estamos vivendo um processo político no País, que envolve, evidentemente a disputa pelo poder. O que está se julgando, por mais que isso possa parecer falta, da minha parte, de modéstia, é a minha história e a minha participação na vida política do País e o projeto político que construímos." Ele insistiu que o julgamento político não é apenas dele, mas do governo Lula e acusou "setores da oposição e da mídia" de tentar "desestabilizar o governo e dar um golpe branco".

O recado de que não pedirá ajuda a Lula ou ao PT foi dado durante perguntas de seu próprio advogado, José Luis Oliveira Lima. Indagado se foi interpelado por Lula sobre seu suposto envolvimento com o ‘mensalão’, Dirceu disse que não e anunciou: "Faço questão de deixar Lula e o PT à vontade. Não vou pedir nada ao meu partido e ao presidente Lula. Vou me defender sozinho."

Reafirmou não ter envolvimento no ‘mensalão’ ou com caixa 2 e transferiu a responsabilidade para o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Disse que "setores da mídia são verdadeiros partidos políticos muitas vezes".

Durante as perguntas do relator Júlio Delgado (PSB-MG), afirmou que, se errou, "o erro foi político" e dividiu as responsabilidades: "Não construí o PT sozinho, não posso ser responsabilizado sozinho. Todos participaram e a maioria aprovou. O presidente Lula foi um dos defensores do programa do PT", disse o deputado, referindo-se aos acordos políticos da campanha presidencial de 2002 com partidos como PP e PL, também envolvidos no suposto esquema de distribuição de dinheiro ilegal feito pelo PT.

Dirceu recorreu à mesma comparação feita diversas vezes por Lula ao citar que o ex-presidente Juscelino Kubitschek "terminou o governo acusado de ser o político mais corrupto do Brasil e morreu em dificuldades".

Dirceu insistiu que não sabia dos empréstimos feitos pelo Banco Rural e o BMG para o esquema de caixa 2 e considerou "natural" que Valério fosse a reuniões na Casa Civil, quando as audiências eram com o BMG, o Rural, o Banco Espírito Santo e a Usiminas. "Entendi que o senhor Valério prestava serviço para eles." O deputado negou afirmação de Kátia Rabelo, dona do Rural de que Valério era o "elo" entre o banco e o governo.

Reiterou que uma das causas do desentendimento com Jefferson foi a insistência do petebista em nomear afilhados nas estatais e disse que teve de rejeitar várias indicações.

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