Empresário confirma propina ao PT

Santo André

(AE) – O empresário João Antônio Setti Braga confirmou ontem que a empresa Nova Santo André pagava R$ 100 mil mensais por “custo extra”. “É um custo que não foi trazido pelo Ronan (Maria Pinto, empresário). Ele dizia que iria custar isto por mês para operarmos a empresa em paz”, disse, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Santo André, no Grande ABC (SP), que investiga o suposto esquema de arrecadação de propina para campanhas do PT.

Braga foi arrolado como testemunha do Ministério Público Estadual (MPE), que também apura o caso. Pinto, citado por ele, é um dos denunciados no Ministério Público por suposta participação no esquema. Segundo Braga, o empresário foi indicado pelo poder público para intermediar a formação do consórcio da Nova Santo André e a compra da empresa municipal, em 1997. A Nova Santo André absorveu uma empresa estatal.

A Nova Santo André pertencia a um consórcio de companhias de ônibus do qual Braga fez parte. Foram sócios dessa firma, além dele, Ângelo Gabrilli, proprietário da Viação São José, Carlos Fófio, Baltazar José de Souza e Ozias Vaz. Pinto continua como societário da Nova Santo André. Eles foram ouvidos pela CPI da Câmara Municipal. Braga é proprietário da Viação ABC, que tem linhas intermunicipais entre São Bernardo do Campo (SP) e Santo André.

Braga afirmou ter deixado a Nova Santo André há dois anos e cinco meses por não concordar com o esquema de pagamento de propina, o qual ele insiste em chamar de “custo extra”. O empresário disse não ter provas do pagamento mensal de R$ 100 mil, mas que teria sido feito em espécie. Ele também afirmou não saber quem entregava e quem recebia a quantia. Reafirmou, apenas, que Pinto intermediou a transação.

Braga disse acreditar que o ex-prefeito Celso Daniel não tinha conhecimento do esquema. “Eu acho que Celso era íntegro e que não soubesse disso (coleta de propinas). Creio, como a maioria das pessoas de Santo André, que ele veio a saber e, por isto, foi morto”, disse, acrescentando que, “esta também é a desconfiança da família de Celso Daniel”.

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