E Lula não fala, nem improvisa

lula4100305.jpg

Desta vez, na Marinha, Lula só ouviu explicações: nada de discursos.

Rio – Ninguém levou um susto ontem quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da inauguração de um novo submarino da Marinha. Ele surpreendeu ao não discursar, nem improvisar. A mensagem do presidente foi lida por um capitão da Marinha. Segundo o responsável pela Comunicação Social da Marinha, capitão-de-corveta Carlos Alberto Macedo Júnior, o 1.º Distrito Naval do Rio foi informado apenas anteontem à tarde de que o presidente não faria a leitura do discurso.

"Se o presidente quiser falar, ele vai sempre falar. É de praxe os presidentes discursarem em eventos da Marinha. O ex-presidente Fernado Henrique Cardoso sempre falou. É cada assessoria de imprensa que define como vai ser a cerimônia", disse Macedo. O presidente não foi o único a não discursar. Nenhuma das autoridades presentes fez discursos. Antes da leitura da mensagem do presidente, foi feita apenas a leitura da ordem do dia do diretor do Arsenal da Marinha.

De acordo com a assessoria de imprensa da Marinha, o Palácio do Planalto enviou apenas na tarde de anteontem um fax com o conteúdo da mensagem do presidente e o pedido para que a leitura fosse feita pela própria Marinha. É raro o presidente Lula abrir mão da leitura dos próprios discursos. O mais comum é ele discursar e, na maioria das vezes, acaba improvisando em cima do texto original.

Lula costuma ser criticado por esses improvisos, que por vezes acabam resultando em gafes. Anteontem, ao discursar em cerimônia do Dia Internacional da Mulher, no assentamento Milagre, em Natal, ele resolveu brincar: "Quero dizer às mulheres que vocês já são maioria na população, já têm cargo de vereadora, de prefeita, de governadora. Espero que vocês não sejam desaforadas e não comecem a pensar logo na Presidência. Devagar com essa pressa de poder", disse.

Mais tarde, a assessoria da Presidência informou que o Palácio do Planalto optou por não incluir no evento um discurso de Lula porque o cerimonial das Forças Armadas prevê apenas a leitura da mensagem do presidente pelo mestre de cerimônias. A assessoria admite que, caso o presidente quisesse, ele poderia discursar. Mas afirmou que não é a primeira vez que Lula abre mão de seu discurso em um evento das Forças Armadas. A assessoria não soube informar, entretanto, em quais eventos isso teria ocorrido.

Proteção da Amazônia Azul

O Tikuna é o maior submarino já construído no País. A construção começou em 1996, utilizando a mão-de-obra de 420 profissionais, entre militares e civis, além de gerar 2.100 empregos indiretos. A Marinha não informou o custo total do projeto. Com 62 metros de comprimento e seis de largura, o submarino é o quarto construído no País e pode operar a profundidades superiores a 200m. Seu projeto é uma adaptação de um projeto alemão, mas incorporou inovações tecnológicas concebidas por engenheiros brasileiros.

O nome Tikuna é uma homenagem à etnia indígena mais numerosa do País, que habita a região do Alto Solimões, no oeste do Amazonas. A previsão é que o Tikuna entre em operação a partir de dezembro. Com este, passarão a ser cinco os submarinos que trabalham na proteção da plataforma marítima brasileira, a chamada Amazônia Azul.

Lula acompanhou a cerimônia de batismo do submarino. A cerimônia é uma das mais significativas das Marinhas de todo o mundo. O batismo é feito com o estouro de uma garrafa de espumante no casco.

Voltar ao topo