CPMI vai investigar ex-ministros de Lula

Fotos: Walter Alves e Chuniti Kawamura/O Estado
Saraiva Felipe: do PMDB.

São Paulo (AE) – O Executivo também será alvo de investigação da CPMI dos Sanguessugas. O relator da comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO), decidiu ontem criar uma sub-relatoria para apurar o assunto e o seu responsável vai apontar quais ministros devem ser convocados para prestar depoimento. ?Temos que investigar o Executivo. Por isso, estou propondo essa nova sub-relatoria para investigar os ministérios da Saúde, da Ciência e Tecnologia e da Educação?, afirmou Amir Lando.

Atualmente, a CPMI tem quatro sub-relatorias: de Investigação do Esquema de Fraudes na Aquisição de Unidades Móveis de Saúde, de Processo Orçamentário, de Investigação de Parlamentares e de Sistematização.

A nova sub-relatoria deve gerar nova queda de braço entre os integrantes da CPMI. A oposição querendo restringir as investigações a Saraiva Felipe (PMDB-MG) e Humberto Costa, ex-ministros do governo Lula, e os governistas querendo estender para José Serra, ex-ministro do governo Fernando Henrique e candidato do PSDB ao governo de São Paulo.

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) disse que a CPMI dos Sanguessugas deverá convocar para depor, depois das eleições de outubro, os ex-ministros da Saúde Saraiva Felipe e Humberto Costa, candidato ao governo de Pernambuco. Mas disse que os ex-ministros José Serra, que comandou a Saúde no governo FHC, e José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil no governo Lula, não serão investigados.

 

Costa: candidato em PE.

Gabeira adiantou a informação após ser confirmada a criação da sub-relatoria para investigar a eventual participação do Poder Executivo no esquema de fraudes envolvendo a compra superfaturada de ambulâncias.

O deputado observou que em todas as investigações a única menção ao ex-ministro da Saúde e candidato do PSDB ao governo paulista, José Serra, é apenas de um dos integrantes da máfia que demonstrou seu interesse na vitória do candidato nas eleições em São Paulo. Por isso, afirmou Gabeira, Serra não deverá ser convocado para prestar depoimento.

Ele classificou ainda como ?uma forçação de barra? tentar envolver o ex-ministro José Dirceu com o esquema dos sanguessugas. ?Como em todos os governo, o atual só pagava emendas para aqueles que o apoiavam. Esse era o papel da Casa Civil. Qualquer ilação ao José Dirceu é forçação de barra.?

Além do Ministério da Saúde, a CPMI dos Sanguessugas tem informação de que o esquema também atuaria nos ministério da Ciência e Tecnologia, Educação e das Comunicações.

Provas revelam que 75 receberam dinheiro

São Paulo (AE) – O sub-relator de sistematização da CPMI dos Sanguessugas, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), deve apresentar hoje seu relatório que revela um dado inédito no Congresso Nacional: nunca tantos parlamentares estiveram sob risco de cassação.

No relatório, além dos grampos e do depoimento de Luiz Antônio Vedoin, considerado a peça principal, ele conta ainda com toda a documentação apreendida pela PF e com os depoimentos de outros envolvidos no esquema, como o de Maria Estela da Silva, funcionária da Planam que disse ter recebido de 62 parlamentares as senhas secretas dadas pelo Ministério da Saúde para acompanhamento de projetos.

Até a noite de domingo, Sampaio ainda estava debruçado sobre seu parecer em Brasília. O relatório do deputado descreverá, caso a caso, todas as evidências existentes contra cada um dos deputados e senadores sob investigação.

Os grampos da Polícia Federal e o depoimento do empresário Luiz Antônio Vedoin, um dos principais empresários da máfia das ambulâncias, produzem uma estatística avassaladora: dos 90 parlamentares investigados pela CPMI dos Sanguessugas, 75 – ou seja, 83,3% – receberam dinheiro na própria conta, na conta de familiares e parentes, na conta de terceiros indicados, em espécie ou na forma de bens e presentes do esquema.

Deste grupo de 75, 21 parlamentares preferiram receber o pagamento em dinheiro vivo, entregue pelos empresários e funcionários da Planam nos gabinetes, em restaurantes ou na rua. Outros 46 aceitaram que a propina fosse paga via transferência ou depósito bancário e 8 ganharam carros, terrenos e presentes do esquema como forma de pagamento.

Voltar ao topo