Começa a luta para evitar um massacre

Foto: Arquivo/O Estado

Candidato tucano à presidência da República, Geraldo Alckmin, pega carona na campanha de José Serra ao governo de São Paulo.

Na disputa pelo governo, os adversários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato da coligação A Força do Povo (PT-PRB-PC do B) à reeleição, sobretudo o candidato a presidente Geraldo Alckmin (PSDB), da coligação Por um Brasil Decente (PSDB-PFL), apostam as fichas na publicidade eleitoral gratuita no rádio e TV, que começa hoje, com o objetivo de evitar que o petista fature a eleição no primeiro turno, conforme apontam as pesquisas de intenção de voto.

A partir de hoje, os eleitores de todo o País terão um contato mais estreito com os candidatos. ?Eleição só começa a partir do horário eleitoral gratuito e eu tenho absoluta confiança no julgamento popular. O povo sempre acerta e o que se discute numa eleição é quem pode fazer mais pelo Brasil. Nós temos as melhores propostas para fazer o País voltar a crescer de forma sustentada, gerando renda e trabalho. É isso o que vamos mostrar (nesses programas)?, afirma.

A vantagem de Alckmin é que ele tem o maior tempo dentre todos os concorrentes: dez minutos e 13 segundos. A equipe que realiza a publicidade eleitoral dele é comandada pelo publicitário Luiz Gonzalez, que também foi o responsável pela campanha vitoriosa do candidato a governador de São Paulo José Serra (PSDB), da Coligação Melhor pra São Paulo (PSDB-PFL-PTB-PPS) para a prefeitura da capital paulista, em 2004.

Como em todas as campanhas, a publicidade dos candidatos são mantidas em absoluto segredo, até como forma de causar um impacto maior no eleitorado, quando for exibida. De oficial, a campanha de Alckmin informou que o conteúdo será propositivo, mas, nos bastidores, admite-se a apresentação de temas mais polêmicos, como os escândalos que atingiram Lula e a base aliada.

O candidato da coligação Por um Brasil Decente a presidente será mostrado como um gestor eficiente, herdeiro político do governador Mário Covas, que morreu em 2001, e executor de grandes obras e realizações no estado mais rico da Federação.

O grande questionamento para alguns cientistas políticos como o professor Fábio Wanderley Reis, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é saber o efeito dessa publicidade no eleitor e se o tempo de exibição, de 45 dias, é suficiente para reverter o favoritismo do presidente e levar a disputa ao segundo turno. ?Mas se ele (Alckmin) tem algo a apostar neste momento (para virar o jogo), é o horário eleitoral gratuito?, afirma.

A propaganda eleitoral gratuita dos aspirantes a presidente será veiculada na televisão às terças, quintas-feiras e sábados, em dois blocos de 25 minutos cada, no horário das 13 horas às 13h25 e das 20h30 às 20h55. No rádio, será apresentada nos mesmos dias, mas nos seguintes horários: das 7h às 7h25 e do meio-dia às 12h25. Ao contrário dos tucanos, os petistas dizem acreditar que a propaganda eleitoral apenas consolidará a vantagem de Lula nessa corrida presidencial. Ele, que será o sétimo candidato a falar, terá sete minutos e 21 segundos para apresentar seus projetos ao conjunto de eleitores. Dando menos destaque ao tradicional vermelho que costumava colorir projetos do PT, Lula falará em meio às cores da Bandeira Nacional, que também são as oficiais dos tucanos (azul e amarelo).

A idéia é usar o espaço para mostrar as realizações do governo federal, intercalando declarações do presidente com um número expressivo de cenas externas, sob o comando do publicitário João Santana. O presidente nacional do partido e coordenador da campanha de Lula, deputado Ricardo Berzoini (SP), nega que a base da propaganda eleitoral será a de atacar os rivais. ?Nós não somos oposição, nós somos situação?, diz.

A candidata Heloísa Helena (PSOL), da Coligação Frente de Esquerda (PSOL-PSTU-PCB), que será a primeira a falar na estréia do horário, terá apenas um minuto e 11 segundos para apresentar as propostas ao eleitorado. Mas dá a largada no horário com um patamar de intenções de voto considerado excelente pelos adversários, de cerca de 10%. O programa eleitoral gratuito de Heloísa promete refletir a simplicidade característica dela, de acordo com o cineasta e produtor Ronaldo Duque.

O candidato Cristovam Buarque (PDT), que terá dois minutos e 14 segundos para apresentar as idéias, promete dar prioridade às proposições, dentre elas, a que considera de maior importância para o Brasil, a educação. Com o curto tempo que terá para exibir o programa, Buarque também pretende fazer uso do que chama de ?efeitos especiais? (ou computação gráfica) na publicidade na televisão, com o objetivo de chamar a atenção do eleitor.

Tucano quer crescer sem bater

 

Celio Azevedo/Agência Senado
Heloísa Helena, candidata do Psol, com Arthur Virgílio, do PSDB: oposição quer desconstruir Lula.

Brasília (AE) – O programa de propaganda eleitoral do tucano, Geraldo Alckmin, na TV vai focar as qualidades do candidato ao Planalto e lembrar suas realizações à frente de cargos públicos, sobretudo no governo paulista. Pelo menos nessa etapa inicial não haverá ataques ao candidato do PT, presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disputa a reeleição.

?É uma estratégia positiva e correta?, concordou o coordenador-executivo da campanha, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), que na semana passada fechou os últimos detalhes do programa, em São Paulo, com o coordenador de comunicação de Alckmin, jornalista Luiz Gonzalez, responsável pelo programa de TV.

O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), participou também do encontro. Os dois avalizaram o tom e o conteúdo do programa que irá ao ar amanhã. A reunião com Gonzalez serviu também para acertar um maior entrosamento do grupo de marketing com o núcleo político da campanha e com os responsáveis pela agenda do candidato.

A partir de agora, o coordenador de comunicação terá ainda mais espaço na campanha: passará a integrar o Conselho Político, formado por dirigentes do PSDB, PFL e PPS, Alckmin e seu companheiro de chapa, senador José Jorge (PFL-PE). O deputado Moreira Franco (PMDB-RJ) também foi incorporado, como representante do PMDB.

Na semana passada, tanto Tasso quanto Sergio Guerra haviam se queixado diretamente ao candidato da falta de proximidade do núcleo político com a equipe de marketing. Por isso, os dois senadores consideraram positiva a conversa com Gonzalez para tomarem conhecimento do tom da propaganda eleitoral.

Na avaliação de aliados do PSDB, a estratégia de bater em Lula nunca foi cogitada nem mesmo por Alckmin, apesar de defendida por setores do PFL. Segundo assessores da campanha, como Alckmin é pouco conhecido os eleitores precisam de mais informações sobre o candidato nesse primeiro momento. E o candidato só tem mais autoridade para lançar suas propostas e promessas ao longo da campanha à medida que fez realizações ao longo de sua vida pública. ?É unânime que temos de desconstruir Lula?, afirmou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), deixando claro, porém, que isso não significa ataques e agressões.

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