Ciclone perturba o Sul e fere 15 pessoas

  Itamar Aguiar / Palácio Piratini
Itamar Aguiar / Palácio Piratini

Assistente social da Prefeitura
de São Sebastião visita as áreas
atingidas pela cheia do Rio Caí.

Porto Alegre (AE) – O ciclone extratropical que se formou na costa do Rio Grande do Sul na madrugada desta sexta-feira provocou estragos em diversos municípios do litoral e transtornos para toda a população do leste do estado. Pelo menos 15 pessoas ficaram feridas, atingidas por pedaços de telhas, troncos ou placas publicitárias. Nesta quase uma semana de temporais no estado aconteceu a morte de um agricultor em Montenegro, provocada pela enchente de quinta-feira. O corpo foi encontrado hoje. Os bombeiros de Porto Alegre fizeram um alerta, ontem, para que as pessoas só saíssem de casa por extrema necessidade devido à aproximação do ciclone extratropical, que deve permanecer ainda hoje no mar em frente ao Rio Grande do Sul. Ontem, ele atingiu a região sul do estado com rajadas de vento de até 111 km/h. Em São Sebastião do Caí (RS), parte da população ficou desabrigada por causa da cheia do Rio Caí. Eles foram alojados no ginásio de esporte do município.

Em Porto Alegre o vento, com rajadas de quase cem quilômetros por hora, derrubou dezenas de árvores e postes e deixou diversas zonas da cidade temporariamente sem energia elétrica. Cinco pessoas procuraram atendimento no Hospital de Pronto-Socorro com ferimentos leves.

O transporte também foi afetado pela ventania na capital gaúcha. Pelo menos dez vôos saíram com atraso do aeroporto Salgado Filho. Uma parede da estação Anchieta do trem metropolitano ameaçou ruir e fez com que o atendimento aos usuários em toda a rede, que vai até São Leopoldo, ficasse suspenso das 10h30 às 14h30.

Litoral

Numa faixa de cerca de 50 quilômetros de largura paralela à orla marítima gaúcha houve centenas de ocorrências de casas parcialmente destelhadas, árvores e postes derrubado. Faltou energia elétrica por pelo menos algumas horas do dia em bairros de Rio Grande, Pelotas, Porto Alegre, Canoas, Tramandaí, Cidreira, Guaíba e Capão da Canoa. Dezenas de casas tiveram pelo menos parte de seus tetos arrancada.

Em Cidreira, cinco pessoas foram atingidas por telhas. Uma delas, Marcelo Pereira da Silva, de 25 anos, sofreu traumatismo craniano. Em Capão da Canoa outras cinco pessoas também tiveram de ir ao hospital fazer curativos. E em dois trechos da BR-101, em Osório e Terra de Areia, dois caminhões tombaram na pista em acidentes que teriam sido provocados pelo vento. Os motoristas não se feriram, mas o tráfego ficou interditado temporariamente.

Em Rio Grande o vento chegou a 111 quilômetros por hora na barra da Lagoa dos Patos. As operações portuárias ficaram suspensas durante todo o dia. Três navios carregados não puderam zarpar e outros três que aguardavam para descarregar não foram autorizados a entrar no canal de acesso ao terminal. A travessia de lancha para o município de São José do Norte também foi suspensa.

Cerca de 200 barcos pesqueiros permaneceram recolhidos ao cais do porto velho. A ventania derrubou a antena transmissora de uma emissora de televisão e diversas árvores.

No final da tarde o vento estava menos forte, confirmando a previsão dos serviços de meteorologia de que o ciclone se afastaria para alto-mar. Para hoje a tendência é pouca ventania, mas muito frio, com geada em quase todo o norte do Rio Grande do Sul.

Morte

O vento do ciclone castigou ainda mais as comunidades que já estavam enfrentando problemas por causa do grande volume de chuva da quarta-feira. Ainda em conseqüência dos alagamentos, os bombeiros localizaram o corpo do agricultor Algemiro Amorim, de 81 anos, em Montenegro. Ele estava desaparecido desde a tarde de quinta-feira, quando saiu de casa para recolher gado e não voltou.

Em outros municípios da região os rios começaram a baixar, mas não a ponto de permitir a volta dos desabrigados para suas casas. Em São Sebastião do Caí, 170 pessoas foram recolhidas a um ginásio de esportes.

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