Câmara assusta ministros de Lula

Brasília – O governo está jogando pesado para evitar que seus ministros sejam convocados a dar explicações de suas ações no Congresso. Em dia de votação de convocação de ministros nas comissões, o governo envia uma força-tarefa de assessores parlamentares, que abordam os deputados para retirarem os requerimentos e ficam na porta da comissão tentando convencê-los a não assinar a lista de presença. Sem quórum, não há reunião.

A outra saída, mais usada, é pedir verificação de quórum após a votação do requerimento. Nesse momento, os líderes dos partidos da base do governo exigem a saída de seus comandados, o quórum cai e a votação é invalidada. As últimas semanas têm sido de sufoco para os assessores parlamentares, que, volta e meia, têm de apagar incêndios. Quando se trata de convocação de ministros que estão envolvidos escândalos, casos de Benedita da Silva (Assistência Social) e Agnelo Queiroz (Esporte), é um Deus nos acuda. A pressão em cima dos deputados aumenta.

A luz vermelha acendeu semana passada. Somente na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara deveriam ter sido votados as convocações de sete ministros. Entre elas a do chefe da Casa Civil, José Dirceu, para explicar viagens e diárias de funcionários, e a do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, para prestar esclarecimentos sobre a crise na Receita Federal. Agora governo, deputados do PT repetem, no Congresso, o comportamento dos tucanos nos oito anos de FHC e tentam obstruir as sessões para preservar seus ministros.

O deputado Eduardo Valverde (PT-RO) tentou evitar a aprovação de convite da Comissão de Fiscalização aos ministros Ciro Gomes (Integração Nacional), Cristovam Buarque (Educação) e Anderson Adauto (Transportes). Eles iriam explicar distribuição de recursos para suas bases políticas. “Se vierem três ministros aqui vai causar um transtorno. O governo pára”, disse Valverde.

Os tucanos estão irritados com a tática petista. Autor de três requerimentos de convocação de ministros, o deputado Alberto Goldman (PSDB-SP) acusa o governo de evitar investigações contra seus ministros. Ele reconhece como natural o pedido de verificação de quórum, mas não na comissão de fiscalização.

“Essa é a comissão que tem papel fiscalizador. Há uma tentativa do PT em não querer mexer nas coisas que o incomodam”, diz Goldman.

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