Brasil entre os que mais gastam com medicamentos

Genebra (AE) – Sem poder contar com serviços públicos de saúde, aproximadamente 100 milhões de pessoas no mundo acabam na miséria todos os anos diante dos gastos com tratamentos. Outros 150 milhões precisam destinar metade da renda aos gastos médicos. A avaliação é da Organização Mundial da Saúde (OMS), que alerta para o fato de o problema também estar relacionado aos altos valores cobrados pelos seguros de saúde.

Segundo a OMS, quanto mais pobre o país, mais é exigido dos cidadãos em termos de contribuições para garantir sua própria saúde. Na Alemanha, por exemplo, tratamentos e hospitalizações custam apenas 10% da renda particular de um cidadão. Enquanto os alemães têm um PIB per capita de US$ 32 mil e com serviços públicos garantidos, a população da República Democrática do Congo tem uma renda de apenas US$ 120 e 70% do que ganham vai para pagar a saúde.

No Brasil, os dados da OMS apontam que cada cidadão gasta em média US$ 206 (cerca de R$ 450) com saúde por ano, dos quais mais da metade (US$ 112, ou R$ 250) sai de seu próprio bolso. Deste último valor, 35% vão para os seguros de saúde. Os dados são de 2002.

De acordo com a OMS, nos países mais pobres do mundo, seriam necessários apenas US$ 35 por pessoa a mais do que já se gasta para garantir serviços básicos de saúde à população. A entidade da ONU estima que entre US$ 15 e US$ 25 poderiam vir de doações internacionais.

Sem esses recursos, o resultado não é apenas a pobreza, mas o fato de milhões morrerem por ano de doenças que poderiam ser evitadas ou tratadas. Só as mortes relacionadas a complicações do parto chegariam a US$ 10 milhões por ano.

Para avaliar novos sistemas que permitam a todos acesso a algum tipo de serviço de saúde, a OMS e outras entidades estão reunidas na Alemanha nesta semana. O objetivo é traçar uma nova estratégia mundial. Para os especialistas, os governos devem começar a pensar urgentemente em um novo modelo de sistemas de saúde, já que uma mudança radical levará anos para surtir efeito.

Voltar ao topo