Após deixar fazenda, MST promete novas ocupações se não houver reforma

Brasília – Trezentas famílias de trabalhadores rurais ligados ao Movimento Sem Terra (MST) do Rio Grande do Sul desocuparam nesta quarta-feira (23) a Fazenda Finca, que pertencia do traficante colombiano Juan Carlos Abadía. De acordo com a integrante do movimento Luciana da Rosa, as famílias estão saindo das terras mesmo sem receber ordem de reintegração de posse.

Segundo relatório do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), cerca de 90% da fazenda está em área de preservação permanente. Para evitar o uso impróprio, os sem-terra plantaram mudas de árvores nativas no local. ?Vamos ficar atentos para que não transformem [a área da fazenda] em monocultura de eucalipto, como se vê em toda [área em] volta dela?, afirmou a integrante do MST.

A ocupação, de acordo com Luciana da Rosa, é um ato para que o governo federal cumpra o compromisso, firmado no final do ano passado, de assentar mil famílias até abril de 2008. ?Isso é uma vergonha. Enquanto as terras servem para o tráfico, o agronegócio, a monocultura de eucalipto, que destrói a terra e meio ambiente, existem milhares de famílias que não têm onde morar e trabalhar?, criticou.

De acordo com o MST, 2,5 mil famílias estão acampadas em estradas do Rio Grande do Sul e há mais de três anos nenhum assentamento foi feito. ?Podemos voltar para cá ou ir para outro. Vamos continuar nos mobilizando até que a reforma agrária seja feita no Rio Grande do Sul.? O Incra ainda não se manifestou sobre a desocupação.

A fazenda foi vendida pela Justiça Federal por R$ 850 mil na última segunda-feira (21), mesmo dia em que os sem-terra ocuparam a área. Segundo avaliação do Incra, as terras são impróprias para a agricultura e inviáveis para a realização de assentamentos da reforma agrária.

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