Brasil pode superar a Líbia na produção de petróleo em 2015

Genebra – O Brasil deverá superar a Líbia na produção diária de barris de petróleo até 2015 e se tornará o 12º maior produtor mundial. A estimativa é do Fórum Econômico Mundial, que divulgou hoje (17) seu relatório sobre segurança energética e concluiu que a geopolítica mundial será moldada nos próximos anos com base nas relações entre demanda e oferta de recursos energéticos.

O estudo ainda concluiu que o atual sistema de segurança energética está a ponto de uma ruptura e que governos, como no caso da Bolívia, podem interferir cada vez mais no mercado. "A segurança energética não pode ser considerada como garantida", afirma o documento. Pelos cálculos do levantamento, 15 países dominarão 58% da produção mundial de petróleo até 2015. Hoje, esses mesmos países controlam 54% e há dez anos eram responsáveis por 50% da produção.

Enquanto isso, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) registra uma queda em sua influência no total da produção Em 1974, as economias que faziam parte do grupo representavam 54% da produção mundial. Hoje, respondem por 40%. No caso do Brasil, a capacidade de produção aumentará de 1,8 milhão de barris de petróleo por dia para 2,7 milhões. Isso permitirá que o País passe da 13ª colocação para a 12ª. A Arábia Saudita continuará com a maior capacidade de produção nos próximos dez anos, seguida pela Rússia.

Se a produção brasileira está destinada a aumentar, os especialistas apontam que o consumo no País também crescerá. O Brasil segue uma tendência parecida à da China e Índia, onde a demanda por energia também sofrerá um incremento significativo nos próximos dez anos. Segundo o Fórum Econômico Mundial, metade do crescimento da demanda virá dos países asiáticos até 2015. Há 30 anos, o estudo indica que os países ricos eram responsáveis por 70% do consumo mundial de petróleo. Hoje, essa taxa já caiu para 60% e a redução deve continuar na próxima década.

Quanto ao gás natural, o estudo aponta que produto passará a representar 17% do mercado mundial de energia em 2020, contra apenas 7% em 2003. A demanda pelo gás, que dobrou nos últimos 30 anos, continuará a aumentar significativamente na próxima década

Controle Estatal

O estudo também indica que pode haver a volta de um maior controle estatal sobre os mercados de energia nos próximos anos, especialmente se os mercados forem vistos como pouco confiáveis no abastecimento. O documento alerta, porém, que as políticas de diferentes governos não têm sido claras no que se refere aos investimentos em energia. Não há uma definição também sobre o cumprimento de contratos entre empresas e governos, o que poderia exigir um acordo internacional que regule todas essas questões.

Paralelamente, comunidades locais estão cada vez mais conscientes do que podem ganhar com o fornecimento de energia e aumentam a cobrança sobre governos para que esses recursos gerem desenvolvimento na região.

Crise

Mas depois de 20 anos de certo conforto em relação ao fornecimento de energia, o sistema está em sua fase mais crítica Segundo o estudo, a crise não ocorre pelos mesmos fatores que geraram os problemas de fornecimento nos anos 70 e não se limita ao petróleo. Hoje, a crise incluiu as usinas elétricas nos Estados Unidos, conflitos sociais e políticos na América Latina, furações e terrorismo. Para completar, não é apenas o Oriente Médio que fornece petróleo, mas também países como Nigéria ou Venezuela, onde a greve em 2003 gerou uma interrupção de fornecimento para o mercado mundial maior que a causada pela guerra no Iraque. Diante desses desafios, as respostas também precisam ser diferentes, incluindo inovações tecnologias e maior uso de biocombustíveis.

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