Brasil não participará de cooperação nuclear com Venezuela, diz Amorim

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou em Seul que o Brasil não considera a participação do País no programa de cooperação nuclear, proposto pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que incluiria o Irã. Trata-se de um país acusado pelos Estados Unidos de desenvolver armas nucleares. Amorim ressalvou que essa posição reflete as notícias divulgadas pela imprensa sobre o anúncio feito por Chávez no último domingo de que a Venezuela iniciará suas pesquisas nacionais para des envolver energia nuclear e que estará aberta à cooperação com a Argentina, o Brasil e países como o Irã.

"Que eu saiba, nunca foi considerada uma cooperação (do Brasil com a Venezuela). Não vejo no momento porque o Brasil se interessaria por uma cooperação na área nuclear envolvendo o Irã", afirmou Amorim. "Não posso excluir que haja cooperação com outros países amigos da América do Sul. Mas, aquele modelo que envolveria o Oriente Médio, especificamente o Irã, não está sendo contemplado", completou.

Apesar da ressalva de Chávez de que as pesquisas não serão orientadas para a fabricação de armas nucleares, o anúncio provocou reações em toda a vizinhança, especialmente dos governos do Chile, da Colômbia e do México. A Argentina foi o único país a apoiar a iniciativa e a mostrar-se interessado. Amorim destacou em Seul que o Brasil conta com seu próprio programa de enriquecimento de urânio e que ofereceu à Argentina e aos demais sócios do Mercosul a possibilidade de cooperação. Mas destacou que as atividades, no País, têm fins pacíficos.

Essa foi apenas mais uma das recentes iniciativas de Chávez que não foram apoiadas pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, apesar da relação estreita entre os governantes e da parceria estratégica entre os dois países, celebrada no final de fevereiro. No início de maio, Chávez e o presidente de Cuba lançaram, em Havana, a idéia da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), um projeto que se contraporia à Área de Livre Comércio das Américas (Alca). O Brasil afirmou que não participaria. Pouco antes, Brasília deixara claro a Caracas a sua mensagem de que o País não é um Estado bolivariano.

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