Brasil e Rússia devem ampliar comércio bilateral

Brasil e Rússia pretendem ampliar o comércio bilateral, atualmente focado no mercado de commodities, para produtos de maior valor agregado, tais como aviões, equipamentos tecnológicos, máquinas e equipamentos, entre outros. Essa meta foi um dos principais temas discutidos hoje no primeiro encontro entre os conselhos empresariais dos dois países. O encontro, que marcou a instalação do Conselho Empresarial Brasil-Rússia e reuniu, em São Paulo, autoridades e empresários dos dois países, interessados no fortalecimento dessa parceria. Atualmente o fluxo do comércio bilateral entre os dois países é de cerca de US$ 2 bilhões e o objetivo é de que até o ano de 2006 esse volume possa chegar a US$ 5 bilhões.

O estreitamento das relações comerciais entre os dois países será também um dos pontos fortes da visita que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, fará ao Brasil, entre os dias 21 e 22 deste mês. O presidente do Conselho Empresarial Rússia-Brasil e da holding Soglasie, Ara Abramian, anunciou hoje que durante a visita do presidente Putin serão fechados acordos comerciais entre os dois países. Entre esses acordos, estão o de cooperação com a Petrobras para a construção de gasodutos, construção de refinarias e elaboração de novas tecnologias e outro com a Embraer, para a fabricação de aviões de passageiro de médio porte.

Segundo o presidente do Conselho Empresarial Brasil-Rússia, Marcos Vinicius Pratini de Moraes, um comércio de commodities, como é o caso da relação Brasil-Rússia, tem futuro limitado pois vive sob ameaça das oscilações dos mercados internacionais. "Este encontro é o marco da construção de novos caminhos e sabemos que existe potencial para isso", disse Pratini. Ele destacou que os empresários dos dois países deveriam concentrar suas perspectivas e esforços nos seguintes pontos: logística, marketing e financiamento de comércio. Ele acredita que esses fatores limitam o potencial de crescimento das relações bilaterais.

Joint venture

Para o diretor de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Gianetti da Fonseca, que participou da abertura do evento ocorrido hoje, disse que a instalação do conselho empresarial Brasil-Rússia é um sinal de amadurecimento das relações entre os dois países. Ele citou que de janeiro a setembro deste ano o Brasil exportou para a Rússia US$ 1,160 bilhão, sendo que 90% das exportações foram de carne, açúcar, café e tabaco. No mesmo período, o Brasil importou da Rússia US$ 575,3 milhões, sendo que 80% das compras foram de fertilizantes e níquel.

Gianetti da Fonseca também concorda com a posição de que o comércio bilateral entre os dois países não pode ficar reduzido apenas a commodities e que é preciso ampliar para produtos de valor agregado. Além disso, ele citou um estudo apontando que 81% dos empresários russos têm expectativa de melhoria nas relações comerciais com o Brasil e que é preciso estimular a formação de joint ventures, tanto na área industrial quanto na comercial.

Um dos gargalos que devem ser enfrentados, na opinião do diretor de Comércio Exterior da Fiesp, é o da logística. Ele também destacou ser fundamental o conhecimento maior do potencial dos dois mercados. "Nós da Fiesp estamos prontos para dar todo o apoio ao Conselho Empresarial Brasil-Rússia para incrementar os negócios entre os dois países." O secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, que também participou do evento, salientou que dentro da nova geografia econômica pregada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva está a diversificação da pauta de exportação entre Brasil e Rússia.

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