Base antidrogas no Paraguai será utilizada pelos EUA

A base financiada pelo governo dos Estados Unidos para a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai em Pedro Juan Caballero, vizinha à brasileira Ponta Porã (as duas cidades são divididas apenas por uma avenida), será utilizada também pela polícia antidrogas norte-americana, a Drug Enforcement Administration (DEA), afirma o juiz federal Odilon de Oliveira, único brasileiro presente à inauguração, ocorrida em 22 de agosto.

A base da Senad, a maior no interior do Paraguai e que abrigará 50 agentes e terá o apoio da Força Especial do Exército daquele país, recebeu US$ 448 mil do Departamento de Estado norte-americano e da DEA. A maior parte dos recursos foi destinada às instalações físicas e US$ 148 mil para a construção de um heliporto e modernização de dois helicópteros que ficarão à disposição dos agentes antidrogas.

A base é "fundamental" para o combate ao tráfico na fronteira do Paraguai com o Brasil, segundo Oliveira, porque foi instalada na principal rota de cocaína procedente da Colômbia e que utiliza o Brasil como passagem para o abastecimento dos mercados norte-americano e europeu. Essa rota, segundo ele, passou a ser utilizada após a vigência da Lei do Abate, em 2004, que permite a derrubada de aviões que transportam drogas. A lei entrou em vigor após o início das operações do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam).

"A lei do abate mudou a geopolítica do tráfico", diz o juiz, que responde pela 3ª. Vara Criminal da Justiça Federal em Campo Grande, encarregada dos processos relativos ao crime organizado, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. Oliveira passou um ano e dois meses em Ponta Porã, onde passou a maior parte do tempo num hotel do Exército e dois meses no Fórum, por causa das ameaças contra a sua vida. Desde junho de 2004, o juiz condenou 122 traficantes.

"No papel a base é da Senad, mas na realidade é da DEA", garante Oliveira, que defende a presença dos agentes norte-americanos na região. "O único país que combate eficazmente o tráfico são os Estados Unidos", justifica. O juiz diz acreditar que o funcionamento da base irá conter a entrada de cocaína no Brasil e facilitar a prisão e a extradição de traficantes brasileiros que operam no Paraguai. O tráfico na região de Pedro Juan Caballero é dominado por brasileiros e é abastecido pelas Farc, organização guerrilheira colombiana, que troca as drogas por armas. A embaixada dos EUA em Assunção não quis se manifestar sobre o assunto. A Senad admite que a DEA está proporcionando treinamento aos agentes antidrogas paraguaios.

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