Base aliada nega compra votos de parlamentares

Brasília ? Parlamentares da base aliada do governo que integram a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, como o deputado Maurício Rands (PT-PE), disseram que houve, de fato, um esquema esquema de corrupção envolvendo empresas públicas e o empresário Marcos Valério de Souza para beneficiar parlamentares. Entretanto, não se convenceram de que esse esquema serviu para que deputados votassem a favor do governo ou mesmo trocassem de partido.

"Num sentido mais amplo, quando entendemos o ‘mensalão’ como o pagamento feito por Marcos Valério à base aliada, ocorreu". disse Rands. Originalmente, o termo "mensalão" surgiu como sendo um suposto pagamento de mesadas a parlamentares para que votassem a favor de projetos do governo.

O relator da CPMI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), apresentou hoje (21) a sua segunda prestação de contas, na qual buscou evidenciar os percursos do dinheiro que abasteceu o esquema de corrupção operado por Marcos Valério. Para Rands é prematura qualquer vinculação do dinheiro recebido pelos parlamentares com a votação de projetos de interesse do governo ou com mudanças de legendas partidárias.

"Isso não elimina a gravidade da promiscuidade de parlamentares com entes públicos e empresas ligadas a Marcos Valério", destacou o parlamentar. Ele acrescentou que "todos os partidos devem ser rigorosos com dirigentes e ex-dirigentes que participaram deste esquema".

A senadora Ideli Salvati tem a mesma opinião do colega petista. "Houve repasse de recurso para personagens políticos. ‘Mensalão’ para patrocinar a troca de partido ou para o parlamentar votar com o governo não tem comprovação", afirmou ela, com base no relatório apresentado por Serraglio. Ela voltou a insistir que o documento final a ser apresentado em abril pelo relator tem que mostrar todo o esquema de corrupção operado por Valério e não apenas a partir de 2003, "como se ele tivesse sido criado por este governo".

Salvati reafirmou que Marcos Valério operava este esquema de corrupção desde 1997. A CPMI investiga, por exemplo, a participação do empresário num esquema de caixa 2 montado para beneficiar, em 1998, o então candidato a reeleição ao governo de Minas Gerais, Eduardo Azeredo, hoje senador da República pelo PSDB.

O sub-relator de Contratos, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), também é da opinião que não se pode criar "um limite temporal" para as investigações de corrupção. Ele preferiu não entrar no debate sobre a existência ou não do ‘mensalão’. "Tenho medo de rótulos. É evidente que existem irregularidades, improbidades e isso é que é importante", advertiu o deputado.

Ao fim da reunião da CPMI, o presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), prometeu aos parlamentares "um relatório equilibrado que não irá contra os fatos". Um dos fatos que pretende discutir com o relator para que seja apurado e colocado no relatório é o esquema montado por Marcos Valério em Minas Gerais. Ele acredita que até o fim de fevereiro a maior parte das investigações já estarão concluídas e os relatórios prontos para serem apresentados.

Segundo ele, muitas pessoas que apareceram no esquema de Marcos Valério também começam a aparecer nas investigações sobre os fundos de pensão. Ele citou como exemplo as empresas Guaranhuns, Bônus-Banval e o Banco Rural.

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