Doblò Cargo 1.8 é adequado ao trabalho a que se destina

Durante muitos anos a Kombi reinou solitária no campo dos furgões de menor capacidade de carga. Mesmo que levasse uma tonelada, seu modesto padrão de conforto, desempenho e segurança era o que havia disponível para o pequeno usuário entregar flores, roupas ou ferramentas nos grandes centros urbanos.

Há três anos a Fiat apresentou a versão comercial do utilitário Doblò, o Cargo. Embora não derivado de um automóvel como o Fiorino, o modelo tem muita coisa de carro de passageiros no conforto de uso. Amplo na cabine e no compartimento de carga, ele é uma opção forte para quem precisa transportar até 600 kg. E o faz sem problemas: carregamos o veículo com 300 kg e fizemos uma viagem de Curitiba a Caiobá, transportando objetos de decoração e moradia, uma carga típica do usuário do Doblò.

Fomos surpreendidos pelo comportamento dinâmico seguro e confortável para um carro de 600 kg de capacidade, embora muito dependente de uma correta calibragem dos pneus. Se os traseiros estiverem com pressão baixa a retaguarda fica instável com carga, respondendo às ordens do volante com intensidade excessiva e dando a sensação de instabilidade.

É sempre bom lembrar que o Doblò é um veículo alto e de elevado centro de gravidade, mas no mercado dos utilitários pequenos seu comportamento sobressai quando comparado ao Renault Kangoo e ao Peugeot Partner/Citroën Berlingo, de resto mais caros de manutenção e também piores de revenda e espaço interno. Não é à toa que o Doblò lidera este setor de mercado com mais de 80% das vendas.

Um veículo fácil de dirigir aumenta em muito a segurança tanto do usuário quanto da carga. Uma contribuição importante nesse campo é a ergonomia do habitáculo: o volante regulável em altura (opcional) tira aquela sensação de caminhão e se apresenta às mãos com naturalidade, o que também acontece com a suave e precisa alavanca de cambio. Situada no painel e bem próxima ao volante, parece um equipamento de carro esporte.

Os bancos são firmes na medida certa, sendo o do motorista agora equipado com regulagem de apoio lombar. Além disso estão disponíveis sistema antitravamento (ABS) de freios, controle elétrico dos vidros e travas, que evitam deixar as muitas portas abertas, e um utilíssimo sistema auxiliar de estacionamento. Localizado na base do pára-brisa, indica por meio de um alarme a proximidade de objetos, pessoas ou veículos atrás do carro, evitando batidas e problemas ao estacionar.

Continua havendo a parede divisória interna para separar a carga dos passageiros, como também a prateleira acima do painel, que permite levar um computador ou outras coisas fora do porta-luvas. A visibilidade continua boa, e os faróis de superfície complexa e duplo refletor são muito eficientes e dispõem de regulagem elétrica de altura. Destaque há que ser feito também para os enormes limpadores de pára-brisa, que cumprem bem sua função.

OLHO CLÍNICO

Mais potência e torque

Contudo, a diferença vital no produto atual é o motor 1,8 litro da Powertrain, a fabricante de motores que é uma associação da Fiat e da General Motors. De origem na Família 1 de motores GMB, traz ao Doblò tudo que lhe faltava na versão 1,6 de 16 válvulas, já avaliada pelo Jornal do Automóvel na versão de passageiros ELX. Mudou e muito a resposta ao acelerador, mais fluida e progressiva com o 1,8, que tem muito mais torque a menores rotações. Agora não é mais preciso acelerar ao fundo para obter potência.

Motores de duas válvulas por cilindro ainda são mais adequados aos transporte de cargas mais pesadas e uso em topografias mais acidentadas, com muitas ladeiras. Embora a potência seja equivalente (perdeu-se 3 cv), as retomadas são muito melhores, mesmo com carga, e o consumo reflete a menor necessidade de acelerar a fundo. Também contribui muito a correta escolha das relações de marchas, alongadas de acordo com a nova apresentação de potência.

A velocidade máxima é pouco superior, chegando a 161 km/h, mas esse dado é pouco importante. O fato é que o novo motor mantém velocidades médias e altas sem precisar de constantes mudanças de marcha, é silencioso e, por trabalhar a maior parte do tempo em baixa rotação, não vibra tanto quanto muitos motores a que o motorista profissional está habituado.

O Cargo 1,8 custa a partir de R$ 34.460, chegando a R$ 44.083 com todos os opcionais, incluindo ABS, bolsas infláveis frontais, ar-condicionado e itens elétricos (a direção assistida é de série). Quem precisa de um veículo para cargas leves urbanas tem um destino certo no Doblò, um furgão muito bem acertado ao uso a que se destina.

FICHA TÉCNICA

Doblò Cargo 1.8

Motor

Posição – Transversal, dianteiro

Número de cilindros – 4 em linha

Diâmetro x curso – 80,5 mm x 88,2 mm

Cilindrada total – 1.795 cm³

Taxa de compressão – 9,4:1

Potência máx. (ABNT) / regime – 103 cv a 5.400 rpm

Torque máximo (ABNT) / regime – 17,0 kgm a 2.800 rpm

N.º de válvulas por cilindro – 2

Eixo de comando de válvulas – Um no cabeçote

Alimentação

Combustível – Gasolina

Injeção – Magneti Marelli multiponto seqüencial

Câmbio

Posição – Transversal

Número de marchas – 5 à frente e uma à ré

Tração – Dianteira

Sistema de freios

De serviço: Hidráulico c/servofreio de 10″ (ABS opcional)

Dianteiro: a disco ventilado (de 257 mm), com pinça flutuante

Traseiro: a tambor (de 228 mm), com sapata autocentrante e válvula corretora de frenagem

Rodas

Aro: 5.5″ x 14″ em aço estampado

Pneus: 175/70 R14″

Peso do veículo

Em ordem de marcha (STD A) – 1.220 kg

Carga útil (com condutor) – 625 kg

Peso máximo rebocável – 500 kg (reboque s/ freio)

Capacidades

Compartimento para carga – 3.200 litros

Tanque combustível – 60 litros

Desempenho

Velocidade máxima – 161 km/h

0 a 100 km/h – 12,4 s

Consumo – (Norma NBR 7024)

Ciclo urbano – 10,5 km/l

Ciclo estrada – 14,3 km/l

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