Agora, Febem enfrenta rebelião contra rebeliões

No motim, destruíram o Departamento de Arte e Cultura (Dacult) e alguns ameaçaram se matar. "Não dá para generalizar as coisas aqui. São muitos conflitos sociais. Interno que viveu em péssimas condições. Funcionários que nem têm a 4ª série. Tem gente do bem, querendo fazer um trabalho sério, mas a análise tem de ser mais profunda", disse um professor, que atua numa ONG.

Durante a madrugada, outra rebelião envolveu a Unidade 16, que abriga 86 menores. Segundo funcionários da Febem, os adolescentes foram forçados a se rebelar por internos de outras unidades por terem sido os únicos a não participar do motim do dia anterior. Menos de duas horas depois da saída da Tropa de Choque do Complexo, os adolescentes subiram no telhado e atearam fogo em colchões e cobertores. O levante durou pouco mais de uma hora e meia. Terminou sem feridos e não houve fuga. Mas só foi encerrado com a entrada da Tropa de Choque.

O dia de hoje foi pontuado por pequenos tumultos em várias das 19 unidades do Complexo Tatuapé. Foram tantas as pequenas rebeliões que vários funcionários abandonaram seus postos. Pais que conseguiram visitar os filhos contaram que o clima continuava tenso. "Não tem ninguém para tomar conta, para orientá-los", disse a mãe de um interno da Unidade 7, que se identificou como Sônia.

Outro complexo que não tinha registrado tumultos, o Raposo Tavares, teve ontem a primeira rebelião, na Unidade 28. Os internos se rebelaram contra a transferência de jovens.

Liberdade

Em meio à confusão na Febem, o garoto E.P.S., de 16 anos, deixou, após um ano e meio detido, a Unidade 7 do Tatuapé. O garoto estava sorridente, mas o joelho machucado denunciava a violência sofrida na rebelião de domingo. "O Choque entrou e desceu o pau em todo mundo", contou. Ele cruzou a portaria abraçado à irmã, Elenice, de 27 anos.

A mãe se recusou ir buscar o filho caçula. "Ela não quis mais visitá-lo. Essa já é a segunda vez que ele vem para cá por causa de assalto", disse Elenice. Para trás, além do tênis que deu para um colega, deixou uma trajetória de motins. "A primeira vez que a gente subiu foi por causa dos funcionários mesmo. Todo dia por qualquer coisa, eles desciam o rebento na gente", afirmou o garoto. "Depois que eles foram embora, ficou firmeza. Mas sobraram alguns ainda."

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