Agenda movimentada

Para alguns homens de estado, como é o caso do ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, as melhores oportunidades para fazer afirmações, sem a necessidade de acrescentar dados que as comprovem, é quando estão em algum lugar no estrangeiro.

É possível que o fato explique a cada vez mais movimentada agenda de compromissos internacionais dos componentes do primeiro escalão do governo Lula, que outro dia despachou o assessor Marco Aurélio Garcia para La Paz, a fim de atuar como observador dos atropelos institucionais que o país vizinho enfrenta.

Mais uma vez, o governo fez questão de ignorar a existência do Ministério das Relações Exteriores, canal específico para tratar desses assuntos, e pior, desconhece o fato comezinho da representação diplomática que dispõe na Bolívia.

Voltamos, porém, ao ministro Ricardo Berzoini e sua estada na aprazível cidade suíça de Genebra, onde participou da conferência anual da Organização Internacional do Trabalho. O feito retumbante ali anunciado pelo ministro é que o Brasil criou 200 mil novos empregos em maio. Em abril esse número chegou a 266 mil, mas Berzoini não achou interessante revelar.

A relativa facilidade que o ex-sindicalista possui para interpretar os índices de emprego levou o senador tucano Eduardo Azeredo (MG), a compará-lo a Joseph Goebbels, ministro da propaganda nos tempos do nazismo. Comparação cruel mas instigante, porque dos 10 milhões de empregos que prometeu, o governo contabiliza, até agora, 2,7 milhões.

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