Aécio diz que candidato tucano terá de apresentar novidade ao País

Belo Horizonte – O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), afirmou hoje acreditar que o desafio do candidato do partido a presidente em 2006 será apresentar uma "novidade ao País", representada, principalmente, pela capacidade de a legenda promover uma "inflexão" na atual política econômica. "As pessoas precisam olhar para o PSDB e não enxergar apenas o passado. Têm de enxergar o futuro, algo novo. Nós temos também de ter a humildade de fazer uma auto-análise de onde nós acertamos, mas, sobretudo, de onde nós erramos para apresentar para o País um novo projeto de desenvolvimento", disse, em entrevista veiculada pela Rádio Central Brasileira de Notícias (CBN), em Belo Horizonte.

O PT, segundo Aécio, executa no governo uma política econômica com os mesmos pilares da adotada na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A diferença é que o PSDB tem condições de dar "segurança" aos mercados. "O que é muito importante para que nós possamos fazer uma inflexão na política econômica, possibilitando uma retomada do crescimento mais vigorosa do que esta que nós estamos assistindo."

Ele criticou as taxas de progressão do Produto Interno Bruto (PIB) nacional durante a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na opinião de Aécio, o "despreparo" de boa parte dos "gerentes" que cercam Lula impede que os índices sejam maiores. "Em média, o Brasil cresce menos da metade do que os principais países em desenvolvimento e pelo menos um terço menos do que os principais vizinhos da América do Sul", afirmou. "Os quadros do PT são absolutamente despreparados para o desafio de governar um País como o Brasil." Para ele, "o questionamento interno" – também chamado de "fogo amigo" – do PT em relação à política econômica conduzida pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, contribuiu para a elevação das taxas de juros. "Muitas vezes, ao ministro Palocci, era cobrada inflexões diárias na política econômica e, com isso, ele tinha de mostrar o inverso", observou. "Isso, certamente, não ocorreria num governo do PSDB."

Eleição

O governador prevê uma eleição presidencial "extremamente acirrada" em razão da "agudez" e da "profundidade" da crise política. Para ele, Lula (caso tente a reeleição) "pagará um altíssimo preço pessoal" na campanha do ano que vem, mas sua força política não deve ser menosprezada. "Estou longe de achar que o PSDB já ganhou as eleições. Será uma eleição muito disputada. Não devemos menosprezar a capacidade do presidente Lula de se comunicar com uma parcela expressiva da população brasileira."

Aécio reiterou que o candidato tucano só deve ser definido em março. Apesar de não descartar o próprio nome como presidenciável, admite que a escolha, provavelmente, se dará entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital paulista, José Serra. Por isso, cobra do escolhido a adoção de um "projeto nacional".

"O PSDB cresceu. O PSDB hoje é outro partido. É um partido nacional e que precisa apresentar ao País um projeto nacional", disse, ressaltando que pretende ser um "artífice da unidade partidária" dos tucanos.

Frustração 

Ao fazer um balanço do ano, o governador afirmou que o escândalo político batizado de "mensalão" gerou uma frustração na população brasileira maior que a crise que culminou com o processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo. "O PT frustrou os seus eleitores e frustrou o País. Até porque o PT, durante toda a sua história, se intitulou o arauto, o exclusivista da moralidade e dos bons princípios."

Ele também acha que a responsabilidade de Lula é inegável. "No presidencialismo, é absolutamente fundamental que o presidente da República tenha a noção do que ocorre no seu governo."

Mas quem se tornou o "símbolo" da crise, conforme Aécio, foi o ex-deputado José Dirceu (PT-SP). "Maior ou menor a sua culpa, isso deixou de ser importante. Porque, ou pela omissão, ou pela ação, ele teria de ter tido posição diferente. Eu ainda acho que outros membros do PT pagarão um preço pela falta de noção clara – ou de experiência ou de bom senso – em separar o que é público e o que é privado", comentou.

Cassações

Aécio negou que tenha participado da articulação política que levou à absolvição do deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), que confirmou ter recebido dinheiro ilegal do esquema montado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. "Tenho um limite muito grande na minha ação", disse o governador. Segundo ele, Queiroz conseguiu convencer os deputados de que não se beneficiou dos recursos, mas isso não significa que outros envolvidos não serão punidos com a perda do mandato parlamentar.

"Não acho que o processo do deputado Romeu Queiroz signifique que os outros seguintes, os próximos, terão o mesmo destino. Ao contrário, pode ser, inclusive, que ocorra uma vigilância, uma cobrança maior da opinião pública em relação aos próximos casos", avaliou.

Voltar ao topo