Wanderléa faz show do álbum ‘Nova Estação’ em SP

Eterna musa da jovem guarda, Wanderléa não nega seus tempos de reinado no movimento pop dos anos 1960, mas ela não é só essa imagem cristalizada da “Ternurinha”. Cometeu outras ousadias (além da pioneira minissaia) a partir da década de 1970, gravando discos que viraram cult, mergulhou no samba-rock na tradição do samba, na modernidade de Egberto Gismonti, Luiz Melodia e outros, além do rock em si. Há tempos vem tentando minimizar os efeitos de um certo estigma e obteve grande êxito com o álbum “Nova Estação” (Lua Music). Agora ela está de volta com o show que registrou em DVD no mesmo Teatro Fecap, onde se apresenta amanhã e domingo.

O roteiro é o mesmo do DVD com os mesmos arranjos de Lalo Califórnia, marido e produtor musical da cantora, a cenografia de Yasmim Flores (filha do casal) e tudo. Wanderléa está bem à vontade com um repertório que inclui bloco de choros (que remetem a seus trabalhos com o Regional do Canhoto), samba, baladas pop, standard americano (“My Funny Valentine”), para lembrar seus tempos de crooner, Chico Buarque, Melodia, Gismonti, Jackson do Pandeiro, Johnny Alf, um dueto com Arnaldo Antunes em “Se Tudo Pode Acontecer” e até um hit da jovem guarda (“Imenso Amor”) com citação de um clássico do Led Zeppelin (“Kashmir”).

“Peguei tópicos de tudo que fiz na carreira. Poderia ter ficado um saco de gatos, mas não ficou. Há muito tempo que não tinha a oportunidade de fazer um disco com uma sonoridade em que eu me reconhecesse”, diz a cantora. Além de esbanjar admirável vitalidade aos 64 anos, ela explora diversos timbres, ritmos e regiões vocais, obtendo unidade dentro da diversidade, com interpretações que podem surpreender a quem só leva em conta seu passado no iê-iê-iê.

“Tudo o que a gente fez foi bacana, marcou época, mas a gente tem de manter a chama acesa, diferenciar”, diz. Agora sem compromisso com gravadoras nem a interferência de produtores e técnicos que a frustraram tantas vezes, ela pode, enfim, se expandir. A felicidade por essa realização transparece no resultado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Wanderléa – Teatro Fecap (Av. Liberdade, 532). Tel. (011) 4003-1212. Amanhã, 21h, e domingo, 19h. R$ 50 e R$ 25.

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