Uma vida de diva interpretada por uma grande estrela

d53.jpgSó mesmo a diva Marília Pêra para dar vida à estilista francesa, Coco Chanel, uma das maiores referências mundiais do mundo da moda. Após quase dois anos à frente do espetáculo escrito por Maria Adelaide Amaral e dirigido Jorge Takla, a atriz desembarcou em Curitiba, após uma escala marcante no Comédie des Champs Elysées, em Paris. Aliás, a passagem pela capital francesa foi definida pela própria Marília como uma ousadia, já que o espetáculo foi apresentado em português.

Entretanto, após assistir à apresentação impecável em todos os aspectos, a certeza é de que a apresentação de Mademoiselle Chanel em Paris, mais que ousadia, foi uma bela homenagem à ilustre francesa.

O argumento passa longe da rasgação de seda, E é justamente na centralização do texto na autenticidade da estilista que faz o público se deliciar com a essência de Chanel, permeada de doses de humor sarcástico e uma auto-confiança tremenda.

Aí está o segredo do sucesso do espetáculo. Marília Pêra consegue mergulhar na alma de Chanel, de tal modo que o espectador se sente fazendo uma viagem ao passado e, porque não, como uma visita no ateliê.

A voz firme, mesmo com as falas intercaladas com longas pitadas de cigarro, profere palavras que poderiam soar ferinas em outra ocasião, mas que vindas de Chanel, traduzem simplesmente o espírito refinado e sincero da mulher que despontou para o mundo nos anos 20 e até hoje é ícone no mundo. No texto, as farpas à grande concorrente italiana Elsa Schiaparelli, que contrapunha todo o estilo refinado de Chanel com uma moda inspirada no surrealismo, e os diálogos com suas modelos de essência simplista, dão o tom. Sem esquecer das lembranças de seus grandes amores e decepções, prenunciados na primeira palavra proferida no abrir das cortinas: envelheci!

A encarnação da personagem pela atriz seria suficiente para garantir os aplausos, mas a montagem não seria tão fiel ao estilo Chanel se não contasse com um cenário limpo, branco, totalmente clean, arrematado por um jogo de espelhos e projeções de fotos antigas em um telão, obviamente em preto e branco. Quebrando as cenas, as atrizes Laura Wie e Ellen Londero, que interpretam as manequins de Chanel, desfilam nove modelos criados na Maison Chanel especialmente para o espetáculo. É a tradução do luxo requintado, finalizado pela suavidade da música francesa, contrapondo a força feminina eternizada por Chanel e resgatada pela incomparável Marília Pêra.

Gisele Rech – gisele@oestadodoparana.com.br

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