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Sonho erguido no próprio terreno, sem leis de incentivo

O advogado Samuel McDowell acreditou sozinho em algo que o mundo começa a conhecer, aos poucos. Na plateia desta quinta-feira, 29, para ver Nelson Freire, Egberto Gismonti estará presente. E assim, vai-se concretizando um daqueles projetos pensados fora da caixa, executado mais à base da devoção do que de apoio.

Samuel chegou a ter seu projeto de criação de um centro cultural aprovado pela Lei Rouanet. Captar o montante que precisava, no entanto, foi impossível. Não houve empresa que acreditasse ser um bom negócio apoiar algo fora de São Paulo, ligado a música, teatro, dança. “Eu, que frequento o litoral há anos, senti sempre uma falta de estrutura generalizada na região.”

Sem apoio das empresas, Samuel tomou a decisão. “Eu imaginei que poderia morrer sem conseguir isso.” Foi aos amigos dispostos a ajudá-lo sem garantias de retorno, colocou dinheiro do próprio bolso e seguiu em frente. Criou dois espaços: um anfiteatro para 220 pessoas e um teatro maior, para 900. Tudo em meio à Mata Atlântica que povoa seu grande terreno, em Ilhabela. “Trabalho no meu limite, com alguma ajuda.”

Sua programação tem olhos especiais para a música erudita, mas estende-se para a música instrumental e a popular. Espetáculos de dança e teatro também são encenados ao longo do ano.

A luta de Samuel é por uma programação fixa, anual. E ele já tem o principal. Agosto é o mês do Festival Vermelhos – Música e Artes Cênicas. A promessa é de, diferentemente das duas edições menores que já ocorreram, ele seguir por dois fins de semana. Suas novas datas serão: em abril, um festival de repertório inspirado na Semana Santa (sem a perspectiva religiosa, algo que parte de Bach e segue até Andrew Lloyd Webber). Em dezembro, um concerto de Natal (de caráter social, com grupos locais) e um de ano-novo (de gala, para arrecadar recursos). Ao longo do ano, seus palcos serão tomados por grupos de música de câmara, experimental, vanguarda e música popular, com uma estrutura de baixo custo.

Samuel acredita que sua iniciativa deve ganhar relevância à medida em que concretiza suas ideias. Ele estuda levar para o festival anual, de agosto, debates envolvendo os temas música e política. Quer reforçar programações com grandes nomes, embora eles já estejam no histórico de seus eventos, e quer partir para um novo voo: a criação de uma orquestra jovem nas dependências de seu Centro Cultural. Investidores são bem-vindos, ele avisa, mas não será a ausência deles que enterrará as ideias de um homem que, até aqui, fez tudo sozinho.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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