Sganzerla é tema do documentário ‘Os Signos da Luz’

O universo do cineasta Rogério Sganzerla está em alta na cena cultural. Lançado há duas semanas, “Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha” tem o cantor Ney Matogrosso no personagem-ícone de Sganzerla, dirigido pela viúva do cineasta, Helena Ignez. No teatro, Helena divide a direção da peça “O Belo Indiferente”, de Jean Cocteau, com André Guerreiro Lopes, marido de sua filha Djin Sganzerla, que por sua vez assume o papel que a mãe já desempenhou sob a direção de Sganzerla.

Para completar, estreia nesta sexta-feira o documentário “Mr. Sganzerla – Os Signos da Luz”, do cineasta Joel Pizzini, que resgata o ideário artístico do diretor , morto em 2004. O filme-ensaio, ganhador da edição deste ano do Festival É Tudo Verdade, encerra a série Iconoclássicos, projeto do Itaú Cultural que abordou a carreira de figuras contundentes da cultura nacional: o músico Itamar Assumpção, o poeta Paulo Leminski, o artista plástico Nelson Leirner e o diretor teatral José Celso Martinez Correa.

Sem abrir concessões ao didatismo, Pizzini se apropria do estilo fragmentário e faz uso de colagem de imagens do próprio cineasta para fazer sua leitura sobre a obra de Sganzerla. O documentário é narrado em primeira pessoa, por meio de entrevistas e imagens – muitas delas raras, do acervo cedido pela Mercúrio Produções, fundada por Sganzerla e Helena Ignez -, e destaca a importância simbólica de ícones como Orson Welles, Noel Rosa, Jimi Hendrix e Oswald de Andrade na produção cinematográfica dele.

“Acho que tem um recorte muito inteligente da parte do Joel”, comenta Djin. “Ele traz todos aqueles pensamentos, verdades, contundências e, ao mesmo tempo, faz reflexões e chega a pensar de maneira mais ampla sobre o destino do homem, que meu pai colocava muito em seus filmes.”

Ainda que foque na produção artística de Sganzerla, o documentário tem imagens de sua vida privada, como a que mostra o cineasta com a neta. “É um momento extremamente íntimo, que dificilmente o espectador teria chance de ver”, afirma Djin.

A atriz, que também está no filme “Luz nas Trevas”, com o marido André Guerreiro Lopes – que faz o filho do bandido, Tudo-ou-Nada – reestreia, no dia 2 de junho, a peça “O Belo Indiferente”, no Espaço dos Satyros. Nos anos 1980, Helena Ignez foi dirigida por Sganzerla no mesmo papel, o de uma cantora em fúria às voltas com a indiferença do amante, em uma montagem “tropicalista”. Na década seguinte, ela retomaria a personagem, já numa concepção de espetáculo-dança.

“Num primeiro momento, tive a sensação de que aquela peça pertencia à história da minha mãe, mas fui reler o texto e vi que a urgência daquele personagem me tocava muito, aquele amor sem fronteiras, sem limites, desequilibrado”, observa Djin Sganzerla, sobre a escolha de revisar o espetáculo. Neste “monólogo de dois atores”, como ela define, já que divide a cena com Dirceu de Carvalho. Mas o trabalho do ator é apenas corporal, sem nenhuma fala. As informações são do Jornal da Tarde.

O BELO INDIFERENTE

Espaço dos Satyros Um (Praça Roosevelt, 214, Consolação). Tel. (011) 3258-6345. Reestreia 2/6, às 21h. Temporada até 14/7. Ingressos: R$ 30

12 anos.

Voltar ao topo