Quinteto Paranaense quer resgatar público erudito

Há duas semanas, enquanto os olhos da platéia do Teatro Guaíra atentavam para as canções do eterno menestrel Juca Chaves, outro som chamava a atenção do público para si. Emanado das cordas de uma viola, um violoncelo, dois violinos e um piano, a música de câmara apresentada por um quinteto feminino presenteava o show de Juca com graves, agudos e composições conhecidas. Intitulado Quinteto Paranaense, o grupo formado por Consuelo Froehner (viola), Fabíola Bach (violino), Cristhiane Klingelfus (violino) e Ana Crosatto (violoncelo) – alunas e professoras de música da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap) – junto a pianista Priscila Malanski, contribuíram com o espetáculo e agora planejam se apresentar em outros salões; dessa forma, resgatando o público erudito, contudo, sem deixar o popular de lado.

Segundo o quinteto, a idéia de tocar música de câmara surgiu através das influências do Trio Paranaense, que nos anos 30s faziam com o piano, violino e violoncelo uma música digna das salas mais eruditas de outros tempos. ?É uma espécie de homenagem que fazemos, além de divulgar a música de câmara, que pode interpretar desde Mozart até tango, MPB e Beatles?. Com participação na Oficina de Música de Curitiba, inauguração da Casa Gon, projeto Pró-Música na Biblioteca Pública e outros eventos em que é convidado a tocar, o grupo sofre as mesmas dificuldades que a maioria dos músicos, principalmente os clássicos: falta de incentivo à cultura e esquecimento.

Professora da Belas Artes e violonista da Orquestra Sinfônica do Paraná, Consuelo confessa que Curitiba e o Estado estão meio parados na divulgação de sua música. ?Hoje o Paraná é o estado que menos investe em cultura. Este ano nossa Secretaria da Educação tinha um projeto de música erudita e teatro para o interior, o Projeto Fera, até fomos para Londrina (PR) tocar na UEL,  mas depois não houve mais nada?, diz.

Apesar do difícil caminho a ser trilhado e até mesmo do preconceito que sofre em alguns momentos, o quinteto pretende continuar tirando da música o sustento da vida, seja dando aulas na Belas Artes, fazendo concertos didáticos, ou tocando em casas de concerto. ?Nossa proposta é trazer o público para perto da música de câmara seja por meio de Mozart, Beatles ou outro gênero. O que importa é que a música seja boa.

Entre os motivos da falta de platéia para a música clássica está a desinformação e a ausência de uma cultura consolidada, opina o quinteto. ?Acredito que as próprias escolas deveriam ensinar música para as crianças. Algumas até ensinam, mas tão superficialmente que seus alunos mal distinguem os instrumentos?, completa Consuelo. Para ela e as demais integrantes, o fato é lamentável, já que a música é um lado da inteligência que desenvolve a agilidade mental, raciocínio lógico e artístico.

Música de câmara

Com uma formação limitada a poucos músicos, a música de câmara é escrita para poucos músicos, se fazendo necessário no mínimo dois instrumentos. Geralmente formando quartetos (duas vozes agudas, uma voz média e uma voz grave), o estilo deu origem aos saraus e às serenatas, muito praticado na década de 60. A formação mais famosa de câmara foi composta durante o classicismo com o quarteto de cordas formado por Joseph Haydn, Karl Ditters von Dittersdorf, Johann Baptist Vanhall e Wolfgang Amadeus Mozart. Do período barroco ao início do classicismo houve uma tradição musical para se ouvir boa música nas residências. Um bom exemplo é a casa de J. S. Bach, que foi freqüentada muito tempo por amantes da música apreciadores dos concertos de Bach com seus filhos.

Serviço:

Quinteto de Câmara Paranaense, formado por Consuelo Froehner, Fabíola Bach, Cristhiane Klingelfus, Ana Crosatto e Priscila Malanski. Informações para aulas e eventos pelos telefones (41) 3263-3532 ou (41) 3362-7614. Falar com Consuelo ou Fabíola.

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