Perda

Premiado desenhista Cláudio Seto, do GPP, foi enterrado ontem

Amigos, familiares e colegas de trabalho acompanharam, na manhã de ontem, no Cemitério Paroquial Nova Orleans, em Curitiba, o enterro do ilustrador, desenhista e artista plástico Cláudio Seto, de 64 anos, que morreu na madrugada de domingo vítima de acidente vascular cerebral.

O sepultamento foi dotado de grande comoção. Seto era reconhecido em função de diversos trabalhos realizados para O Estado e Tribuna do Paraná, por ter sido o primeiro desenhista a publicar quadrinhos japoneses no Brasil e ter escrito vários livros – como Lendas trazidas pelos imigrantes do Japão, lançado este ano.

Idealizador do festival Matsuri de cultura japonesa, que acontece todos os anos na capital, o artista também cultivava bonsais e acumulou diversos prêmios ao longo de sua carreira, como o de Grande Mestre do Quadrinho Brasileiro e Pioneiro e Mestre do Mangá no Brasil, pela Associação dos Desenhistas de Mangá e Ilustradores.

Seto era casado com Mitsue Seto e deixa três filhos: Sayuri, Mayumi e Nuryassu. Chuji Seto Takeguma, mais conhecido como Cláudio Seto, nasceu em Guaiçara (SP), em 1944.

Aos nove anos, foi para o Japão estudar em um templo zen. Nos finais de semana visitava o estúdio de Osamu Tezuka, considerado o “pai” do mangá, os tradicionais quadrinhos japoneses.

De volta ao Brasil, oito anos depois, Seto foi operário em Votorantim (SP), desenhista publicitário em Lins (SP) e autor de histórias em quadrinhos em São Paulo. Também foi vereador por dois mandatos em Guaiçara, chegando a presidente da Câmara Municipal.

Em 1975, Seto se mudou para Curitiba. Na capital do Paraná, trabalhou como pesquisador na Fundação Cultural e no Memorial da Imigração Japonesa, ao mesmo tempo em que manteve sua vasta produção artística.

Seto foi o introdutor no Brasil do estilo mangá e pioneiro nas histórias de ninjas e samurais. Alguns de seus personagens atingiram grande sucesso, como Maria Erótica, que chegou a ter até uma revista própria.

Amigos

“Seto, na área dele, era sumidade. A forma como ele fazia seu trabalho nos jornais era única. Não precisávamos falar nada. Entregávamos um texto a ele e ele contava a matéria com um desenho. Ilustrou diversas capas da Tribuna e deixa muitas saudades”, disse o diretor de redação da Tribuna do Paraná, Rafael Tavares.

O vereador Rui Hara lembrou as contribuições do ilustrador à cultura nipo-brasileira no Paraná. “Ele conseguiu trazer muito da riqueza da cultura oriental ao Ocidente. Nos ensinava sobre a alegria de viver o dia a dia e sobre a possibilidade de realizar sonhos”, comentou.

Seto também era diretor da Associação Cultural e Beneficente Nipo-Brasileira de Curitiba. Segundo o presidente da entidade, Yuichi Oshima, uma pessoa insubstituível.

“Era um grande estudiosos e que conseguia aglutinar vários segmentos da colônia nipo-brasileira. Era muito querido entre todos, inclusive entre os mais jovens”, comentou.

Na década de sessenta, Seto foi responsável pelas revistas O Samurai e Ninja – O Samurai Mágico, com desenhos e textos de sua autoria. Ao longo da vida, participou de diversas exposições coletivas de artes plásticas, cartuns, fotografias e ilustrações tanto no Brasil quanto no exterior, em países como Itália, França, Japão e Alemanha.

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