Melhores do cinema levam estatueta hoje

Após um período de divulgação, críticas positivas e a passagem dos principais festivais de cinema no mundo, enfim chegou a vez do Oscar. Em sua 78.ª edição, a Academia de Artes e Ciências de Hollywood distribui estatuetas em 24 categorias disputadas entre os 108 indicados. A cerimônia acontece hoje à noite no Kodak Teathre, em Los Angeles, com transmissão televisiva ao vivo pela Rede Globo e TNT. O prêmio de melhor filme, em 2006, principal categoria do Oscar, tem cinco obras de tão boa qualidade que poderiam obter indicações em qualquer premiação dos últimos dez anos, sem desmerecer as edições passadas. Apesar de 2005 ter sido um ano de má bilheteria nos cinemas, a qualidade das produções é tão representativa que alguns excelentes filmes não conseguiram indicações.

Com temas que fizeram parte da história ou que de alguma forma refletem questões íntimas e relevantes ao ser humano, O segredo de Brokeback Mountain, Capote, Crash, Boa noite e boa sorte e Munique fortalecem o cinema – sobretudo por sua indústria ser tão comercial e superficial – e chamam a platéia para compartilhar a visão que importantes cineastas têm a respeito do mundo. Ang Lee, Bennett Miller, Paul Haggis, George Clooney e Steven Spielberg falam ao público sobre as armadilhas que as pessoas impõem ao amor, principalmente quando se trata de um casal gay durante os anos 50s; os caminhos que uma notícia pode correr e a criação do estilo literário de romance não-ficção; a presença abominável do preconceito e os reflexos sofridos pela sociedade; a luta de um jornalista americano para enfrentar o senador Joseph McCarthy durante a repressão aos comunistas, em 1950; e o drama ocorrido durante as Olimpíadas de 1972, quando um grupo de terroristas palestinos atacou a delegação israelense, tal como o revide judeu.

Dupla de homens-bomba
no polêmico Paradise now.

Quais os efeitos que essa mudança repentina de gênero pode surtir na cabeça das pessoas, só o tempo dirá. Pode-se afirmar que a indústria cultural já viveu tempos mais fáceis, pelo menos a do cinema, e que se o público começar a assistir filmes inteligentes, a produção cultural dará um salto de qualidade. Em 2005, as bilheterias brasileiras até o mês junho tiveram queda de 43% em relação ao mesmo período em 2004. Nos Estados Unidos, a porcentagem foi semelhante.

Liderando a lista do Oscar com 8 indicações, Brokeback Mountain é dado como o favorito nas principais categorias (filme e diretor). O favorito para levar a estatueta como melhor ator é Philip Seymour Hoffman (Magnólia, O Talentoso Ripley, Patch Adams), por Capote. Boa parte da crítica aponta Joaquin Phoenix, que interpreta Johnny Cash em Johnny e June, como seu principal concorrente, mesmo apesar de todo o lobby de Brokeback Mountain, que tem Heath Ledger como protagonista e candidato ao Oscar. Como já ocorreu na premiação do Globo de Ouro, Reese Witherspoon deve levar o prêmio de melhor atriz pelo trabalho protagonizado com Phoenix. Keira Knightley tem recebido elogios por Orgulho e preconceito e é sua principal concorrente.

Este ano o Brasil não conseguiu nenhuma indicação para filme nem direção, resta torcer para O jardineiro fiel, de Walter Salles, que está indicado para o prêmio de melhor edição, melhor roteiro adaptado e, com ótimas chances, Rachel Weisz concorre na categoria melhor atriz coadjuvante. O filme teve boa repercussão e já levou prêmios em outros festivais. O mesmo ocorre com a primeira produção de Woody Allen em solo londrino, Ponto final – Match point. A excelente trama ficou sem indicação para os prêmios de diretor e filme, concorrendo apenas como melhor roteiro original.

Na categoria de melhor filme estrangeiro foram indicados Joyeux Noël (França), Sophie Scholl, uma mulher contra Hitler (Alemanha), La bestia nel cuore (Itália), Tsotsi (África do Sul) e Paradise now (Palestina). Na entrega do Globo de Ouro, o filme palestino – que conta os últimos momentos na vida de dois homensbomba – levou a melhor, agora é um dos favoritos ao Oscar. Ainda que seja imparcial em relação aos pontos de vista da disputa árabe, o filme explora as razões para a resistência à ocupação, e se coloca contra aos ataques suicidas.

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