Lula promete recursos ao cinema

Brasília – O cinema brasileiro dá mais um passo hoje em direção a seu fortalecimento. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem, no Palácio do Planalto, a criação do Programa Brasileiro de Cinema e Audiovisual, que reúne uma série de incentivos para o setor. Lula também vai assinar decreto que vincula a Agência Nacional de Cinema (Ancine) ao Ministério da Cultura. Hoje, a agência está vinculada à Casa Civil da Presidência da República.

O cineasta Cacá Diegues ressaltou, ao chegar para o evento no Palácio do Planalto, o crescimento do cinema brasileiro desde 1994, quando foi criada a Lei do Audiovisual. Antes de 94, segundo Diegues, a participação dos filmes nacionais no mercado interno era de apenas 0,5%. A previsão para este ano, de acordo com o cineasta, é que os filmes brasileiros superem 20% do mercado cinematográfico. “Isso é uma prova flagrante de que o povo quer ver filmes nacionais. É preciso que cada filme encontre seu público, desde as grandes produções até os filmes experimentais”, ressaltou.

Além de vincular a Ancine ao Ministério da Cultura, o decreto do presidente Lula vai reformular o Conselho Superior de Cinema, que passará a ser integrado por 18 membros (atualmente são 12). Os escolhidos deverão representar todos os segmentos do setor audiovisual e de áreas do governo com vínculo ao cinema nacional, como o Ministério da Educação e a Secretaria de Comunicação de Governo. O novo conselho terá de imediato uma tarefa: elaborar um projeto de lei para tentar converter a Ancine em Secretaria Especial para o Desenvolvimento das Artes Audiovisuais – como desejam os representantes do setor cinematográfico nacional.

Depois de lançar o programa, intitulado Brasil, um País de Todas as Telas, Lula foi prestigiar o set montado na parte lateral do Salão Nobre do Palácio do Planalto. Sentou na cadeira de diretor, vestiu o boné da Agência Nacional de Cinema (Ancine) e, com uma câmera digital de 35mm, filmou os convidados que o cercaram durante a visita.

Informalidade

A informalidade marcou o evento, que teve como mestre de cerimônia a atriz Maria Fernanda Cândido. Lula aproveitou para fazer um desabafo. Disse que mesmo diante das dificuldades impostas pelo orçamento, vai lutar para que o País recupere a sua política de investimentos no cinema nacional. Mas para isso, ressaltou, precisa do apoio de todos os cidadãos.

“O governo não conhece tudo e não pode tudo. Para que a gente possa conhecer e fazer melhor é preciso que cada um de vocês assuma esse compromisso. O governo é passageiro. O cinema, o audiovisual e a cultura são eternos. Ao invés de lamentar o que o governo não pôde fazer, por favor imagine-se governo e ajude-nos a fazer o que falta fazer neste País”, enfatizou.

Na avaliação de Lula, os governos anteriores esqueceram a importância do setor audiovisual para o Brasil: “Chegamos ao paradoxo de o governo brasileiro não ter política cultural para o País. Os produtores foram expulsos dos nossos cinemas, tratados como descartáveis”, comentou.

Investimento

O presidente anunciou investimento de R$ 90 milhões ainda este ano para o cinema brasileiro, recursos que, segundo ele, serão disponibilizados pelo Ministério da Cultura, pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) e por empresas estatais.

A subordinação da Ancine ao MinC também era uma antiga reivindicação do setor cultural. “Não pense que é fácil fazer a transferência de um órgão importante de um ministério para outro. Tem sempre a idéia de que esse ou aquele ministério é o lugar ideal para determinada atividade. Em se tratando de cinema, tínhamos que vincular a Ancine ao Ministério da Cultura”, concluiu.

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