Judeus contra filme de Mel Gibson

Cidade do Vaticano – Um líder judaico pediu a autoridades do Vaticano, em reuniões esta semana, para que sejam reafirmados seus ensinamentos sobre a cruxificação de Jesus Cristo, repudiando a idéia de que os judeus mataram Jesus.

O motivo da visita é a estréia de A Paixão de Cristo, o polêmico filme de Mel Gibson sobre as últimas horas da vida de Cristo. Nos EUA, o filme chega às telas na próxima quarta-feira. No Brasil, estréia em março. O filme é acusado, por religiosos que já o assistiram, de renovar a acusação contra judeus pela morte de Cristo.

Abraham Foxman, da Liga Antidifamação, saiu do Vaticano sem nenhum compromisso dos católicos em lançar nota oficial sobre o assunto. Ao contrário, o arcebispo John P. Foley, que coordena a área de comunicação do Vaticano, reafirmou que em sua opinião o filme de Gibson não é anti-semita.

Foxman foi pedir à Igreja que reafirme sua posição, estabelecida em 1965. Ou seja, dizer que o povo judeu não teve culpa na crucificação de Jesus Cristo. A declaração Nostra Aetate, que em latim quer dizer “Em Nosso Tempo”, foi publicada pelo Concílio Vaticano Segundo em 1965 para deplorar o anti-semitismo e rejeitar as acusações seculares de deicídio.

Enquanto para o Vaticano o filme de Mel Gibson é uma visão “histórica dos fatos da paixão de Jesus Cristo de acordo com os relatos dos evangelhos”, para várias lideranças judaicas a versão contradiz o documento Nostra Aetate. “O filme é um ataque aos ensinamentos cristãos. É uma revisão, se assim se quiser, do Nostra Aetate. A Igreja tem a responsabilidade de defender seu ensinamento”, disse Foxman em entrevista coletiva. Ele também disse que o filme mostra os judeus como vilões “sedentos de sangue”.

Foxman pediu providências mundiais contra o possível anti-semitismo do filme. Ele citou especialmente os casos de dois países: Argentina e Polônia, onde ele acha que pode haver uma reação de intolerância motivada pelo filme.

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