Frei Miguel e a graça de Deus

Ao longo de 20 anos, escutei muitas conversas sobre Miguel Bottacin, frei capuchinho que nasceu em 14 de agosto de 1921, no pequeno povoado de Loreggiola (Itália), cidade que pertence à diocese de Treviso (no Vêneto), e faleceu aos 10 de abril de 1997, em Curitiba-PR. As pessoas que visitam o túmulo onde estão seus restos mortais, na Capela São Leopoldo Mándich, Conjunto Osvaldo Cruz I, Cidade Industrial de Curitiba, pedem graças e muitas são alcançadas.

As conversas entre os membros da comunidade são as mais variadas, pois no imaginário coletivo, frei Miguel era milagreiro, tinha o dom de fazer previsões e de ler pensamentos. Seja como for, frei Miguel era carismático, inteligentíssimo e, acima de tudo, pessoa de muita fé. Outro dia, tive a oportunidade de conhecer e receber em meu apartamento Roberto Brandalize, aposentado, 74 anos, residente no bairro Uberaba, Curitiba-PR, para uma entrevista:

Jorge – Que tipo de experiência o senhor teve com frei Miguel?

Roberto – Tive diversas experiências. Na Vila Macedo, a vida de um amigo não ia para frente, embora fosse pessoa dedicada ao lar e aos filhos. Frei Miguel foi convocado para ir na casa do amigo. Quando chegou, frei Miguel percorreu aproximadamente 12 metros e disse: ?Não! Não vou entrar mais porque estou recebendo muitas chicotadas, estou apanhando desde o portão?. Dirigiu-se para os moradores e disse: vocês também saiam fora, saiam desta casa, vamos embora. O amigo mudou de casa, juntamente com a família, e a vida dele e da família melhorou.

Roberto Brandalize.

Jorge – Teve alguma experiência em sua família?

Roberto – Um primo tinha um filho de três anos que sempre estava doente. Ele resolveu chamar frei Miguel para ir a sua casa. Quando lá chegou, frei Miguel solicitou o travesseiro utilizado pela criança. Com o travesseiro nas mãos, frei Miguel disse para desmanchar o que tinha dentro do travesseiro e jogar fora. O primo abriu o travesseiro e encontrou pedras, paus, ossos, entre outros, que foram retirados e destruídos. Daquele dia em diante, o garoto melhorou e hoje, adulto, continua saudável.

Jorge – Qual a explicação para esses dons de frei Miguel?

Roberto – Frei Miguel era exorcista.

Sobre a prática exorcista de frei Miguel, desenvolvi o tema no livro Frei Miguel Bottacin, capuchinho: seu testemunho cristão e franciscano (p. 20), impresso pela Gráfica Vicentina, 2002. Aos 18 de junho de 2001, numa conversa (gravada) com D. Pedro Fedalto, na oportunidade arcebispo metropolitano de Curitiba, perguntei-lhe:

D. Pedro Fedalto. Fonte:
Portal da Divina Misericórdia.

Jorge – E o caso ?exorcismo/frei Miguel?… Era ele exorcista?

Dom Pedro – Frei Miguel propriamente não era exorcista, porque eu nunca nomeei ninguém como exorcista. Mas como frei Miguel era tão procurado e atribuía-se a ele até milagres, então achavam que suas preces e orações tinham até o valor de exorcismo. Posso afirmar que, em todos os meus anos de arcebispo, nunca dei a qualquer padre o poder de exorcista oficial da arquidiocese.

Jorge – Então ele era uma pessoa prática?

Dom Pedro – Sim, pessoa prática. Quando as pessoas manifestam muita confiança, esta se soma à praticidade. Há poucos dias, falecia em Curitiba o padre Alcides Zanella. Era um padre muito procurado para bênçãos e para problemas. Este padre não foi sepultado em Rondinha, mas levado para o Rio Grande do Sul. Na missa de corpo presente, em Rondinha, havia uma multidão de pessoas que dizia ter recebido muitas graças através dele.

Afirma ainda dom Pedro Fedalto: ?Recomendo que haja muita cautela com todos estes fatos sobrenaturais ou preternaturais. Devemos crer que Deus tem todo o poder, mas nem tudo o que acontece nas igrejas e capelas é puramente verdade?.

P.S. Aos 20 de setembro, recebi do colega Ariel de Fátimo Ferreira um e-mail intitulado O estrategista que contribui para a reflexão docente. Vejamos:

Comunicar é sempre um desafio! Às vezes precisamos usar métodos diferentes para alcançar certos resultados. Veja o exemplo abaixo e perceba a sabedoria do zelador.

Numa escola pública estava ocorrendo uma situação inusitada: uma turma de meninas de 12 anos que usava batom todos os dias, removia o excesso beijando o espelho do banheiro. O diretor andava bastante aborrecido porque o zelador tinha um trabalho enorme para limpar o espelho ao final do dia. Mas, como sempre, na tarde seguinte lá estavam as mesmas marcas de batom.

Um dia o diretor reuniu as meninas no banheiro e explicou pacientemente que era muito complicado limpar o espelho com todas aquelas marcas que elas faziam. Fez uma palestra de uma hora. No dia seguinte, as marcas de batom no banheiro reapareceram. O diretor reuniu as meninas e o zelador e pediu ao zelador para demonstrar a dificuldade do trabalho. O zelador imediatamente pegou um pano, molhou-o no vaso sanitário e passou-o no espelho. Nunca mais apareceram marcas no espelho. Há professores e há educadores…

Jorge Antonio de Queiroz e Silva é historiador, palestrante, pesquisador, professor. Membro do Instituto Histórico e geográfico do Paraná. queirozhistoria@terra.com.br

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