Exposição de Yolanda Mohalyi no Oscar Niemeyer

O Museu Oscar Niemeyer abrirá neste sábado (08), às 11 horas, a mostra Yolanda Mohalyi – No Tempo das Bienais. O evento terá a presença do casal alemão Barbara e Jürgen Bartzsch, detentores de direitos da obra da artista, e de Peter Cohn, representante do acervo Yolanda Mohalyi e responsável por dar continuidade à presença da artista no cenário artístico brasileiro. Durante o evento, o Museu permanecerá com a bilheteria franqueada entre 10h e 12 horas.

A exposição apresenta uma releitura da obra modernista de Yolanda Mohalyi (1909-1978). A produção da artista foi bastante divulgada, com ativa participação nas Bienais Internacionais de São Paulo, desde a primeira, em 1951, até 1967. Com curadoria de Maria Alice Milliet estão em exibição 75 obras entre aquarelas, pinturas e desenhos feitas desde a década de 1930 até 1970. Os trabalhos são procedentes das coleções do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP), Coleção Roberto Marinho, Coleção Itaú Cultural e coleções particulares.

As duas últimas grandes exposições individuais de Yolanda aconteceram em 1967, no Museu de Arte Contemporânea (MAC) de São Paulo, e 1988, no MAC – USP. “A mostra em Curitiba é o resgate de uma artista que teve um papel de grande destaque num momento de internacionalização da linguagem artística em nosso meio, com o predomínio do abstracionismo chamado informal”, disse Maria Alice. A mostra tem o patrocínio da Companhia Paranaense de Energia (COPEL) e o apoio do Ministério da Cultura, do Governo do Paraná e da Caixa.

Grande expoente do chamado abstracionismo informal, Yolanda Mohalyi, nascida na lendária Transilvânia, construiu uma linguagem consistente e influenciada tanto por sua formação européia quanto pela realidade brasileira. Aos 22 anos, a artista adotou o Brasil como país e aqui passou a maior parte de sua vida. “É uma artista importante para a arte moderna; embora tenha chegado no Brasil quase uma década depois do início do movimento modernista. Em sua época, foi bastante reverenciada pela crítica nacional e internacional, sobretudo depois de ter sido agraciada com o prêmio de Melhor Pintor Nacional, na Bienal de 1963”, afirma a curadora.

Segundo ela, a exposição é um recorte significativo da obra de Yolanda Mohalyi. A exposição é aberta por obras das fases iniciais de sua produção para depois se concentrar nas décadas de 1950, 1960 e 70, quando Yolanda participa de várias edições da Bienal Internacional de São Paulo.

No primeiro segmento se observa o impacto que a chegada ao Brasil teve sobre sua pintura. A seguir, vem a fase de transição em que sua obra encaminha-se gradativamente para a abstração. Ao longo da década de 1950, é possível observar “o acentuado interesse da artista pelos elementos essenciais da composição: linha, forma, cor”. Desta fase, destacam-se os dois grandes painéis, compostos por folhas de papel pintadas a guache, pela primeira vez em exibição.

O segundo segmento é dedicado à exuberância do abstracionismo informal, uma pintura feita de manchas de cor e intervenções gráficas. Nos primeiros exemplares dessa fase “encontra-se ainda certa timidez, as manchas estão atadas umas às outras, mas logo se percebe que o gesto enérgico da pintora busca espaços cada vez mais amplos”, disse Maria Alice.

Essa abertura se dá pela articulação das formas, mas também por transparências e drippings (escorridos).

Artista

Yolanda Mohalyi (Transilvânia, 1909 – São Paulo, 1978) é uma das artistas brasileiras mais bem sucedidas no período entre as décadas de 60 e 70. Na Real Academia de Belas Artes de Budapeste, na Hungria, onde se formou, Yolanda recebeu seus primeiros fundamentos artísticos, sob a forte influência do expressionismo europeu. Imigrou para o Brasil aos 22 anos, fixou-se em São Paulo. No Brasil despertou para uma arte própria, sob o impacto do clima e das cores do novo país tropical.

Quase uma década após o início do modernismo integrou-se ao meio artístico e fez história nas bienais internacionais paulistas, desde a primeira, em 1951, até 1967. Deu aulas particulares de desenho e pintura, expôs nos Salões Paulistas e participou do chamado Grupo dos Sete com Victor Brecheret, Rino Levi, Antonio Gomide, Elisabeth Nobiling e Regina e John Graz.

No final dos anos de 1930, aproximou-se de Lasar Segall com quem se identificaria e cuja afinidade revela-se no tratamento formal, na paleta que adotou e também na escolha dos temas, a exemplo da série Memórias, relativa aos sofrimentos causados pela guerra. Sensível à questão social como tantos outros artistas do período entre-guerras, durante as décadas de 1930 e 40, Mohalyi permaneceu fiel à figura humana.

Quando o abstracionismo informal triunfou, derrubando a liderança das tendências construtivas, seu talento de colorista e sua alta capacidade técnica e expressiva foram imediatamente reconhecidos. Em 1963 foi agraciada com o Prêmio de Melhor Pintor Nacional na VII Bienal de São Paulo. Nessa ocasião, o Banco Chase fez inúmeras aquisições na Bienal, incorporando a seu acervo uma tela de Yolanda Mohalyi. Em pouco tempo, a artista teve 10 pinturas nos escritórios do Banco. Um de seus quadros foi incluído no acervo internacional da instituição financeira sediada em Nova York.

Yolanda participou de coletivas organizadas pelo Ministério das Relações Exteriores e apresentou seus trabalhos em exposições individuais na cidade do México, em Washington e Nova York. Em 1976 foi homenageada com uma grande retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo.