Espetáculo chileno ‘Sin Sangre’ chega aos palcos de São Paulo

Sobre o palco, três homens conversam dentro de um carro conversível numa autoestrada. Dirigido por um deles, o veículo caminha na direção do espectador, a paisagem passa depressa, assim como as nuvens no céu que muda de cor indicando passagem de tempo. Os atores são reais, o carro parece ser, a paisagem certamente é projeção. A cena abre o espetáculo chileno Sin Sangre, que passou pelo Festival de Curitiba, e estreia nesta sexta-feira (3) no Sesc Vila Mariana, em São Paulo.

“Queremos fundir as linguagens do cinema e do teatro até o ponto de provocar confusão no espectador. Até que ele não consiga mais distinguir o que é corpóreo e o que é virtual”, diz o diretor chileno Juan Carlos Zagal. Um dos três fundadores do lendário grupo La Troppa, com o qual já veio ao Brasil quatro vezes, com espetáculos de forte impacto visual como Viagem ao Centro da Terra, Zagal fundou com Laura Pizzarro a companhia Teatrocinema em 2004, quando o La Troppa se desfez depois de 18 anos de existência.

O nome do grupo expressa sua estética, espécie de cinema tridimensional sem necessidade de óculos especiais, pela fusão das duas linguagens. Sin Sangre chega ao Brasil depois de ter percorrido dezenas de países e ter sido traduzido em 7 idiomas. “Já fizemos com legendas duplas, em mandarim e inglês”, diz Zagal. “No mundo inteiro sempre ouço que nossa linguagem é absolutamente inovadora, jamais vista antes.”

Além das três sessões de Sin Sangre, o público de São Paulo terá oportunidade de ver quatro outros espetáculos chilenos, escolhidos para abrir o projeto América em Recortes. “O objetivo é lançar o olhar sobre o teatro latino-americano sem o risco da dispersão de um grande festival”, diz Maria Thereza Magalhães, uma das curadoras do Sesc São Paulo.

Outros países virão, talvez a Argentina seja o próximo, no segundo semestre. “Foi uma seleção feita em equipe e pensada para ir na contracorrente da ideia do teatro latino-americano como bloco homogêneo. Buscamos a diversidade de estéticas – bonecos em El Capote, a tecnologia inovadora de Sin Sangre, o teatro apoiado em texto e ator de Neva.” As informações são do Jornal da Tarde.