Escritor húngaro, Imre Kertész. ganha o Nobel de Literatura

O escritor húngaro Imre Kertész, de 72 anos, é o mais novo Nobel de Literatura. Sua obra é marcada pela memória da 2.ª Guerra Mundial e, especialmente, da passagem pelo campo de concentração de Auschwitz. No Brasil, tem um livro publicado: ?Kadish por uma Criança não Nascida? (Imago). Ele, que receberá US$ 1 milhão da Fundação Nobel, é o primeiro escritor húngaro laureado pela Academia Sueca. Em 2001, venceu o britânico de origem indiana V. S. Naipaul.

Kertész nasceu em Budapeste, em 1929, foi preso e deportado para Auschwitz quando tinha 15 anos, em 1944, e depois para Buchenwald. Foi libertado em 1945. A partir de 1953, ele começou a se dedicar à escrita, ao teatro, ao jornalismo e à tradução. Entre os autores que traduziu para o húngaro estão os filósofos Wittgenstein e Nietzsche e o psicanalista Sigmund Freud. Também traduziu Elias Canetti (Nobel de 1981).

?Para ele, Auschwitz não é uma experiência excepcional?, declarou a Academia Sueca em sua argumentação. ?É a verdade máxima sobre a degradação do ser humano na história moderna.? Sua obra mais destacada, ?Sorstalanság? (?Ser Sem Destino?), de 1975, conta a história de Köves, um jovem deportado para um campo de concentração. Nesse relato, que tem muito de autobiográfico, ele mostra que, ?tanto para os carrascos como para as vítimas, absortos na onipresença dos problemas práticos, as questões mais vastas não existem?, completou a Academia Sueca.

Ignorado na Hungria comunista, só se tornou um autor reconhecido após a queda do Muro de Berlim, em 1989. Um dos marcos de sua obra foi a publicação de ?Sorstalanság? em alemão. Ainda segundo o comitê sueco, ?a obra de Imre Kertész examina se a vida e o pensamento individual podem existir numa época em que os homens se subordinaram totalmente ao poder político?.

Vivendo em Berlim, onde prepara um novo romance, segundo ele um último olhar sobre o Holocausto, Kertész recebeu o anúncio em casa, com sua mulher. ?O Nobel é também uma recompensa para a literatura húngara?, declarou. ?Na Hungria não se tem muito conhecimento sobre o genocídio dos judeus. Acredito que, com este reconhecimento, o genocício será encarado.? A Federação dos Escritores Húngaros anunciou sua satisfação com o prêmio. ?Trata-se de um excelente escritor?, afirmou seu presidente, Marton Kalasz, em Budapeste. Para Gyoergy Dalos, o Nobel constitui ?o reconhecimento da literatura húngara contemporânea?.

Voltar ao topo