Erros e acertos do Saul Trumpet

Ao contrário do ano passado, quando Alexandre Nero abocanhou os quatro troféus que disputava – melhor encarte de CD, melhor CD pop, melhor cantor e melhor letrista -a premiação do Saul Trumpet dessa vez foi distribuída de maneira mais uniforme (veja quadro ao lado). O que chegou mais perto da marca dele foi a banda Namastê, que levou os prêmios de melhor grupo pop, melhor CD pop (Reggae do Bem) e melhor cantora pop (Vilma Helena Ribeiro).

Escaldado com a superexposição da edição anterior, Nero este ano mandou um “representante” para receber o prêmio de cantor regional, com o grupo Fato: fantasiou-se de “Morte”, e informou que o músico havia morrido na manhã de sábado, vítima de “ataque de riso fulminante” e “infecção generalizada no dedo médio”. A piadinha não surtiu o efeito esperado, mas o cantor ainda conseguiu conquistar a platéia ao dizer que seria sepultado na quadra “B”, porque a “A” estava reservada para a música “de fora”.

No mais, nenhuma surpresa: Vadeco levou o Saul de melhor cantor de MPB, Franco Milani (Black Maria) o de melhor cantor de rock, Syd Vinícius o de melhor banda de rock, o Grupo Fato, com Oquelatá vivo o de melhor CD regional, e assim por diante. A não ser o prêmio de melhor grupo regional (!?) para o Djambi. Só se for regional da Jamaica…

Apesar dos esforços do diretor Cleverson Garrett e de alguns bons números musicais, como as apresentações de Paulo Branco, Vadeco e Naína, a cerimônia de entrega continua sendo o calcanhar-de-aquiles do Prêmio Saul Trumpet. Nero tentou bancar o Billy Crystal, Julian Barg também procurou “quebrar o gelo” com suas pantufas cor-de-rosa, e o indefectível Carlos Careqa fez das tripas coração (com direito a aula de andamento e marcação para as palmas da platéia) para animar o evento. Mas este continua chocho, capenga.

Continua faltando um mínimo de produção. Uma trilha sonora, para preencher o silêncio (e/ou os parcos aplausos) durante o percurso que o músico faz até receber o seu prêmio. Efeitos, projeções, jogos de luz, alguma coisa que prenda a atenção do público e evite a constrangedora debandada que se vê todo ano. Tudo parece muito improvisado, as cortinas se fecham sobre os convidados, os apresentadores não sabem a hora de falar, os vencedores atropelam uns aos outros.

A propósito: nada contra a iniciativa. A Mostra Saul Trumpet foi uma excelente idéia, a conexão com as casas noturnas funcionou bem e a apresentação dos vencedores no domingo também é uma forma de valorizar a premiação. O Saul Trumpet continua sendo a grande vitrine da música feita no Paraná. E exatamente por isso a sua noite de gala merece um pouco mais de cuidado, para que se rompa de uma vez por todas a barreira entre artistas e público em Curitiba.

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