Disney censura o novo ataque de Michael Moore

O documentário do cineasta americano Michael Moore que liga o presidente George W. Bush a poderosas famílias sauditas, incluindo a de Osama bin Laden, está provocando controvérsia mesmo antes de seu lançamento. E isso se houver lançamento. O jornal especializado Daily Variety disse em sua edição desta quarta-feira que a Walt Disney Co. tentou evitar que a Miramax Films, uma unidade da empresa, distribua o documentário Fahrenheit 911.

A decisão da Disney poderá provocar uma batalha entre o co-presidente da Miramax, Harvey Weinstein, e o presidente-executivo da Disney, Michael Eisner, que há uma década coordenou a compra da Miramax.

Fahrenheit 911 ainda assim participará da competição do Festival de Cannes no fim deste mês. Representantes da Disney e da Miramax ainda não comentaram o assunto.

O filme já vem dando problemas a Moore muito antes. Mesmo tendo chamado a atenção quando ganhou o Oscar de melhor documentário por Tiros em Columbine e por seu discurso contra a guerra e a política da George W. Bush, na festa de entrega das estatuetas, em março do ano passado, o cineasta teve dificuldades de financiamento. A produtora do ator Mel Gibson anunciou que se retirou do projeto e políticos republicanos pressionaram a Disney para que também não entrasse com seu patrocínio.

O título do filme de Moore faz referências tanto ao filme de François Truffaut, Fahrenheit 451 (baseado no livro homônimo do escritor de ficção científica Ray Bradbury, sobre um mundo totalitário onde os livros são proibidos), quanto ao 11 de setembro (nos EUA, as datas são grafadas com o número referente ao mês na frente do referente ao dia, 9/11) – detalhe: 911 nos EUA é o número que se disca para emergências.

Com o documentário, o documentarista pretende investigar a informação de que o governo americano sabe onde está Bin Laden, mas não é de seu interesse prender no momento o terrorista saudita. O principal motivo é o de que a família Bush mantinha negócios na área petrolífera com os Bin Laden na Arábia Saudita. Um artigo publicado no The New Yorker, pouco depois dos atentados ao World Trade Center e ao Pentágono, revelou que, com a concordância de Bush, 24 familiares de Bin Laden puderam abandonar os EUA num jato particular saudita antes de o FBI interrogá-los.

Van Helsing é uma salada hi-tech

Jamari França

Um festival de efeitos especiais de tirar o fôlego, um casal de protagonistas lindos de matar, uma história banal e um final infeliz são os ingredientes de Van Helsing, o caçador de monstros, primeiro blockbuster do ano, abertura da pré-temporada do verão americano com estréia simultânea lá e cá nesta sexta-feira. Muita gente, se deixar cair o saco de pipoca e se abaixar para pegar, vai perder algum lance espetacular.

O filme, passado na Europa do século 19, tem poucos diálogos, muita ação e ainda consegue surpreender em se tratando de efeitos especiais: são espetaculares os vôos rapinantes das noivas de Drácula, três beldades em estado humano que viram feras aladas e as transformações do super-Drácula, imune a estacas de prata, à luz do dia e a cruzes. Ele só não é assustador como o diretor Stephen Sommers desejaria, porque Richard Roxburgh lhe dá uma interpretação caricata, idem as belas noivas Elena Anaya (Aleera), Silvia Colloca (Verona) e Josie Maran (Marishka).

Aliás, os exageros na maioria das vezes fazem com que fique engraçado o que devia ser assustador. Os momentos que pretendem ser explicitamente cômicos, entregues a David Wenham, o padre Carl, são reforçados pelos sotaques ridículos dos personagens da Transilvânia, como se fossem estrangeiros falando inglês, pelo histrionismo do criador de Drácula Igor e pelos monstros que parecem de comédia.

O Dr. Hyde, que é morto pelo mocinho Van Helsing (Hugh Jackman) logo no começo, é uma variação do monstruoso Hulk, tão caricato quanto. Fumando um enorme charuto e soltando sua fúria cega contra os moradores de Paris, tem o confronto final em cenas bem parecidas com o monstro verde recriado ano passado por Ang Lee. Críticos americanos disseram que Hyde morreu logo porque é um personagem da Paramount, estúdio concorrente da Universal, produtora deste, que encarregou o diretor Stephen Sommers de pegar três monstros clássicos de sua cinematografia: o lobisomen, vivido no passado por Lon Chaney; Frankenstein (Boris Karlof); e Drácula (Bela Lugosi) numa adaptação tão livre quanto a da múmia que Sommers recriou em dois filmes em 1999 e 2001.

O filme começa com o doutor Vitor Frankenstein dando vida à sua criatura, para ser interrompido por Drácula, que o contratara como parte de um plano maligno para dar vida a milhares de rebentos que teve ao longo de 400 anos com suas noivas e que se encontram em estado de suspensão em úteros que lembram aqueles dos monstros da série Alien. O objetivo dele é formar um exército de vampiros que conquistem o mundo, o sonho de todos os grandes vilões da história do cinema americano.

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