Célia celebra 40 anos de carreira com novo CD

Arriscar sempre fez parte do histórico de Célia, um jeito que encontrou para se ajudar a não envelhecer. Ela começou num tempo em que as cantoras cantavam. Hoje há uma meia dúzia que faz isso bem. “Muitas são maravilhosas, mas não cantam e não pensam. Porque cantar não é só cantar”, lembra a cantora, que celebra 40 anos de carreira com o CD “O Lado Oculto das Canções” (Som Livre). Hoje ela faz show só para convidados no Passatempo, em São Paulo, onde volta no dia 15 para outra apresentação aberta ao público.

São 40 anos de estrada, o que pode parecer muito tempo para os mais jovens, mas a jovialidade está presente nas ideias e na interpretação, entre outros itens que fazem de Célia a grande cantora que sempre foi, correndo no universo paralelo do mainstream da MPB. Em “Vinho Antigo” (Claudio Rabelo/Dalto), que abre o CD, por exemplo, ela parece uma menina. “A personagem é uma garota, então eu tenho de fazer uma voz mais jovem”, diz. “Elis Regina dizia: para cantar basta abrir a boca, o duro é entender o que você vai dizer.”

A princípio Célia tinha planejado fazer um songbook de João Bosco, mas acabou aceitando a sugestão de “se homenagear” feita por um de seus mais íntimos colaboradores, Fernando Cardoso, que assina a concepção e a direção artística do álbum, entre outras funções. O produtor Thiago Marques Luiz e o DJ Zé Pedro também têm sua cota de responsabilidade no ótimo resultado. Tanto no CD como no show, Célia canta acompanhada por Ogair Jr. (piano), Marcos Paiva (contrabaixo acústico) e Nelton Essi (percussão). Toninho Ferragutti (acordeon) é convidado.

Contemplada com patrocínio da Klabin, Célia pode se dar o luxo de contar com naipes de cordas e o cantor Ney Matogrosso, que faz duo com ela em “Não Se Vá”, hit da dupla Jane & Herondy. Parte do repertório é dos anos 1970/80 – incluindo composições de Benito di Paula, Peninha, Guilherme Arantes e a dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim -, mas ela também ganhou inédita de Zélia Ducan e Hamilton de Holanda (“Desejo de Mulher”) e lapidou pérolas menos difundidas de Zeca Baleiro (“Cigarro”), Adriana Calcanhotto (“Vidas Inteiras”), Angela Ro Ro (“Meu Benzinho”) e Ana Carolina/Antônio Villeroy (“Aqui”).

Dois clássicos ressurgem completamente diferentes e inusitados. O funk “Não Vou Ficar” (Tim Maia) ganhou arranho jazzy, inspirado em Melody Gardot. “Apelo” (Baden Powell/Vinicius de Moraes) não recai sobre afro-samba ou bossa nova, virou guarânia. “Cantiga de Quem Está Só” (Evaldo Gouveia e Jair Amorim), originalmente um bolero, gravado por Altemar Dutra e Maysa, ganhou ares de zamba argentina. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Voltar ao topo