CD e DVD trazem o melhor do Led Zeppelin

São Paulo

 – Muita gente boa defende que o grupo inglês Led Zeppelin representou o “fim da História” para o rock. Ali estavam todos os elementos que definiam o auge de uma expressão artística, levados ao paroxismo em canções como Kashmir, Black Dog, Immigrant Song, Stairway to Heaven.

No próximo dia 27, chega às lojas do mundo todo (no Brasil, só no dia 16 de junho, pela Warner Music) uma lembrança definitiva daquela banda, uma caixa com um CD triplo e um DVD duplo. Atentem para o detalhe: o conteúdo do CD, intitulado How the West Was Won, é absolutamente diferente do conteúdo do Led Zeppelin DVD. Ambos trazem material jamais lançado e sairão em embalagem de luxo (digipack). O DVD trará dois encartes de 16 páginas com fotos e um histórico do projeto.

Para falar sobre o lançamento, a reportagem conversou no início da tarde de ontem, por telefone, com ninguém menos do que Robert Plant, o vocalista daquele grupo que fez seu primeiro ensaio há 35 anos – além de Plant, era formado pelo guitarrista Jimmy Page, o baixista e tecladista John Paul Jones e pelo baterista John Bonham (já morto). “A última vez que estive tocando aí, com Jimmy (Page), foi fantástico”, disse um bem-humorado e animadíssimo Plant à reportagem. “Estive em lugares inesquecíveis, como Búzios e, em São Paulo, um clube de garotas chamado Café Photo”, afirmou, rindo. De garotas? “Yeaaaahhhh, de garotas, o lugar ideal para dar entrevistas”.

Plant afirmou que virá com sua banda, Strange Sensations, tocar na América do Sul em março do ano que vem. Tocará no Chile, Brasil e Argentina. “Ainda não está 100% certo, mas é muito provável”, afirmou o cantor, que tem planos ainda de gravar um disco com músicos africanos, em Mali. Disse também que “há chance” de ele fazer um outro álbum com seu parceiro de Zeppelin, Jimmy Page, mas não num futuro muito próximo.

No pacote que a Warner Music está lançando, há um CD com entrevistas de todos os ex-integrantes do Zeppelin. Ali, Plant solta o verbo. “Quando eu vejo o Led Zeppelin em branco e preto (nas imagens do DVD), eu o vejo numa condição ingênua, naïf, e é isso que eu mais gosto. Aquilo foi antes de eu aprender qualquer truque. Antes mesmo de eu me entediar. Quando tudo que importava era cantar naquela banda. E eu olho aquilo, aquele antigo Zeppelin e fico maravilhado, porque era tão positivo, construtivo e excitante”, disse Plant.

“As pessoas falam agora do nosso estilo bombástico e da habilidade, mas apesar de esses serem ingredientes-chave, alguns dos elementos mais cruciais da nossa apresentação eram aqueles momentos indefiníveis dentro da música real. Havia os sentimentos de completude e transcendência que não ficavam tão evidentes nos discos. Tocar ao vivo era a verdadeira menina dos olhos da nossa existência”, disse Robert Plant.

Para os garotos que hoje seguem com ansiedade a saga de O Senhor dos Anéis, de Tolkien, uma informação: esse foi o primeiro grupo a fazer referências àquela mitologia em suas canções, como Ramble On. “A inspiração para o livro de Tolkien, ou pelo menos a inspiração geográfica vinha da área onde eu vivo, e existe de fato um lugar chamado Baggins Wood, fica apenas 8 milhas da minha casa”, contou Plant, que gostou daquela idéia básica do “bem triunfando contra o mal” e fez algumas “inserções líricas” nas suas canções.

Plant comentou até a sensação que é ter tido um dos parceiros do Zeppelin morto no meio do caminho. “É um pouco como esperar Ulysses voltar para casa”, afirmou. Ele poupou os fãs do Led Zeppelin dessa sensação. A espera agora não é mais infindável: eles estão de volta, exatamente como eram.

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