Carga Pesada fez parada em Foz do Iguaçu

Em 22 de maio de 1979, os caminhoneiros Pedro e Bino viveram sua primeira aventura, no episódio de estréia de “Carga Pesada” na Globo. O seriado, protagonizado por Antônio Fagundes e Stênio Garcia, ficou apenas dois anos no ar. Mas nunca foi esquecido. Depois de 22 anos de “paradeiro desconhecido”, Pedro e Bino – novamente interpretados por Fagundes e Stênio -põem o pé na estrada. Novos episódios de “Carga Pesada” serão exibidos nas noites de terça, a partir de 29 de abril. “Quando gravamos a primeira leva, em 79, a classe dos caminhoneiros era muito marginalizada. Nós quebramos tabus. Agora, não poderíamos retornar numa época mais propícia, em que o Brasil está disposto a se olhar no espelho”, acredita Stênio – que, assim como Fagundes, sempre desejou a volta do seriado.

Assim como seus intérpretes, Pedro e Bino também retornam 22 anos mais velhos. E a primeira história da nova safra – intitulada “A Grande Viagem” – marca o reencontro dos velhos amigos. No tempo em que ficou “fora do ar”, Bino abriu uma empresa de transportes e se dedicou ao trabalho no escritório. Mas sente saudades da estrada e vai até Bagé, no Rio Grande do Sul, ao encontro de Pedro, que continua fiel ao volante. Nos quatro episódios de “A Grande Viagem”, os dois viajam do Sul ao Norte do País. “Já gravamos em Foz do Iguaçu, Paraná, em Lençóis, na Bahia, em Juazeiro do Norte, no Ceará, Resende, no Rio de Janeiro, em Belém, no Pará… E ainda temos muita estrada pela frente”, valoriza o diretor Marcos Paulo, que concilia as gravações do seriado com a direção da novela “O Beijo do Vampiro”, de Antônio Calmon.

Atual

Fã confesso da primeira versão de “Carga Pesada”, Marcos Paulo assumiu o projeto de ressuscitar o seriado em 2001 e chegou a recuperar 50 dos 54 episódios originais. A idéia é aproveitá-los para as cenas de “flash-back”, quando os personagens recordam o passado. Mas foi a lembrança dos bons tempos de “estrada”, vividos pelos próprios atores, que fizeram Antônio Fagundes e Stênio Garcia insistirem numa continuação de “Carga Pesada”, quando ninguém mais, além do falecido diretor Paulo Ubiratan, pensava em retomá-lo. “É um produto maravilhoso e essencialmente brasileiro. Por mim, nunca teria saído do ar”, exagera Antônio Fagundes, que considera o solteirão Pedro um de seus personagens prediletos.

A nova safra de aventuras vem sendo escrita por Leopoldo Serran. Nela, os caminhoneiros terão a companhia eventual de Pedrinho – filho de Bino e afilhado de Pedro, que divide o volante com a dupla em algumas viagens. O personagem é vivido pelo ator Wagner Moura, que destacou-se como um sertanejo candidato a santo em “Deus É Brasileiro”, de Cacá Diegues. No filme, ele contracena com Fagundes, na pele do “Todo-poderoso”. Além de Wagner, que aparece já no segundo episódio e é presença confirmada em outras histórias, Patrícia Pillar faz uma participação em “A Grande Viagem”. Ela interpreta uma caminhoneira viúva, que balança o coração do mulherengo Pedro.

Anos 70

“Carga Pesada” nasceu no final dos anos 70, juntamente com outros seriados nacionais – como “Malu Mulher” e “Plantão de Polícia”. A intenção da Globo era fortalecer a teledramaturgia nacional e frear a expansão dos “enlatados” americanos. “Naquela época, não tínhamos os recursos técnicos de hoje. Mas inovamos em linguagem e descobrimos uma infinidade de usos para a câmara portátil, que era uma grande novidade”, lembra Ary Coslov, que estreou como diretor na primeira versão.

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