Brad Pitt e Angelina Jolie testam química

d71.jpgNicole Kidman, Catherine Zeta-Jones. Brad Pitt ainda era o sr. Jennifer Aniston quando o projeto de Sr. & Sra. Smith surgiu em sua vida. Ele imediatamente contratou o diretor Doug Liman e iniciou a tarefa de encontrar a atriz com quem dividir a cena. As duas citadas declinaram. Pitt desistiu. Foi cooptado pelo diretor Liman, quando Angelina Jolie decidiu embarcar na aventura. O resto, todo mundo sabe. O romance da tela foi transferido para a vida, Jennifer foi delicadamente afastada – Pitt só assumiu o romance após um intervalo decente – e hoje Angelina e ele formam o casal mais quente de Hollywood.

São Paulo –  Nada disso é relevante, mas milhões de espectadores em todo o mundo estão morrendo para ver a química da dupla em Sr. & Sra. Smith. O filme estava apontado para estrear nesta sexta-feira (10). Para que esperar? Percebendo o potencial, a Fox resolveu antecipar a estréia, que vira mundial. Sr. & Sra. Smith entrou em cartaz nesta quinta-feira, em salas de todo o País. É a terceira megaestréia da Fox em 2005, após Cruzada e Star Wars Episódio 3.

Vamos ao discurso ideológico – o mercado está formatado para Hollywood, é um absurdo que o cinemão estrangeiro domine corações e mentes dos espectadores brasileiros, etc. Tudo certo, politicamente correto. Mas já que Sr. & Sra. Smith está estreando de todo jeito, cabem duas pequenas considerações – 1) o público, induzido ou não pela mídia, pode estar querendo ver o filme, o que vamos saber a partir de hoje; e 2) Sr. & Sra. Smith tem qualidades.

Se o filme tem um defeito, é o de ser um pouco longo (duas horas). Lá pelas tantas, você olha no relógio e ainda falta meia hora, pelo menos. Sr. & Sra. Smith conta a história de um casal. Começa com a dupla falando para o público, numa sessão de terapia de casal. Discutem, como se diz, a relação, que anda meio parada. Ele não consegue precisar nem há quanto tempo estão juntos. Diz cinco anos. Ela retruca – seis. Entra uma legenda – cinco ou seis anos.

O casal entediado esconde múltiplos segredos. Ambos são assassinos profissionais, mas nenhum sabe da atividade do outro. O acaso ou o que parece, inicialmente, um acaso, faz com com que sejam designados para o mesmo caso. Descobrem a atividade um do outro e não têm outra opção. Vão ter de se matar.

Filme para consumo

Liman é um diretor inteligente e este é um ponto a favor. Foi ele quem formatou o novo herói de ação, o agente secreto para os tempos atuais, Matt Damon de A Identidade Bourne. A distribuidora acha que Liman fez um filme com ênfase na aventura, mas não é verdade. Liman sabia desde o início, que trabalhava num ?produto?, um filme para consumo de grandes audiências. Ele fez um filme sobre (e contra) o consumo. Portanto, sob uma aparência inofensiva, fez um filme militante contra a globalização, a economia de mercado e tudo o que representam. Sr. & Sra. Smith possui elementos de vários filmes – Harry & Sally, Feitos um para o Outro; A Honra do Poderoso Prizzi; True Lies; e Missão Impossível 2. A todos esses é preciso acrescentar A Guerra dos Roses, no qual Kathleen Turner e Michael Douglas preferiam destruir a casa a cedê-la ao ex-amado(a).

A casa, com todos os seus objetos, é o sonho de consumo em Sr. & Sra. Smith. Só depois de destruí-la completamente a dupla pode dar a volta por cima e recomeçar. Por isso mesmo, Liman diverte-se desmontando as aparências e destruindo todos os seus signos.

O refrigerador é muito importante – e foi justamente a explosão do refrigerador, com tudo o que tinha dentro, que Michelangelo Antonioni transformou no emblema de sua crítica aos EUA no mítico Zabriskie Point, de 1970. Sr. & Sra. Smith é mais autocrítico do que parece. Isso e mais o carisma de Pitt e Angelina fazem do filme algo mais do que um mero produto descartável.

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