As lições de Narizinho

Já se vão quase 25 anos desde que Rosana Garcia deixou a primeira versão do “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, onde encantou o público durante cinco anos como a doce Narizinho. Hoje, aos 38 anos, a atriz aproveita a experiência do estrelato precoce para lapidar o talento de outros atores-mirins.

Longe das novelas desde “O Sexo dos Anjos”, de 1989, Rosana está sempre nos bastidores da Globo. Atualmente, seu trabalho é orientar as crianças do elenco de “Sabor da Paixão” – os gêmeos Clasley e Cleslay, Adrielle Isidório, Marcela Barrozo, Paula Santana e a pequena Ana Beatriz Cisneiros, que vivem os espertos Neco e Tico, Fabiana, Madona, Mani e Alice, respectivamente. Vendo a “turminha” toda junta, fica difícil imaginar como a atriz consegue dar conta de tanta agitação, mas ela garante que eles trabalham como “gente grande”. “Eles são superprofissionais e espertos. Mas é lógico que são crianças. De vez em quando, só dando uma chamada para organizar a bagunça”, diverte-se Rosana, carinhosamente chamada de “tia” por todos os pupilos.

O trabalho é realizado diariamente, muitas vezes dentro do próprio estúdio. À medida em que recebe os capítulos, Rosana se reúne com as crianças e estuda o texto, as intenções e um esboço da marcação de cena. Como o toque final quem dá é o diretor, ela faz questão de acompanhar todas as gravações, para ajudar nas possíveis mudanças. “Trabalho dialogando com os diretores o tempo todo. Por isso, é importante estar no estúdio também”, explica a atriz. O único problema é quando duas cenas de seus pupilos são gravadas na mesma hora. Como uma mãe dedicada, Rosana se desdobra para não “abandonar” uma das “crias”. “Às vezes, um está no estúdio e outro está na externa. Eu fico correndo de um lado para outro”, revela, sorridente.

Carinhosa

A “corujice” da atriz seduz os pequenos atores, que disputam sua atenção e carinho o tempo todo. “Ela é uma ótima professora”, aprova o extrovertido Clasley. A elétrica Marcela não deixa por menos. “Tudo o que ela fala é importante para a cena”, garante. Sobram elogios também para as mães das crianças, a quem Rosana agradece boa parte da autoridade que consegue ter junto aos pequenos. “Muitas mães atrapalham o trabalho, ficam muito grudadas nas crianças. Mas são ótimas, sempre presentes, dispostas a colaborar com tudo”, derrama-se a atriz.

Sem demonstrar qualquer predileção, Rosana assegura que as crianças vêm recebendo constantes elogios dos diretores da trama. A maioria deles não tinha qualquer experiência com a tevê. As exceções são Marcela, que estrelou alguns comerciais, e Ana Beatriz, que, aos cinco anos, está em sua segunda novela. Depois de atuar no programa “Gente Inocente”, ela viveu Amandinha, a filha da personagem de Regina Casé em “As Filhas da Mãe”, de 2001. “Eles estavam muito imaturos, não conseguiam se concentrar. Aos poucos, a gente vê que estão evoluindo”, avalia a orgulhosa orientadora.

Toques

Além de ajudá-los a entender e a decorar os textos, Rosana faz questão de dividir com os pupilos o que aprendeu nos quase 30 anos de profissão. “Tento dar todos os toques possíveis: como eles devem se comportar, a concentração no set, o posicionamento frente às câmeras”, exemplifica. A inspiração para o trabalho, que ela realizou pela primeira vez em “Estrela-Guia”, de 2001, vem da infância. “Faço com eles um trabalho que meu pai fazia comigo e com minha irmã quando começamos na tevê”, revela Rosana.

Além do elenco mirim da novela, a atriz costuma orientar crianças que se preparam para testes de comerciais, filmes e novelas. “Não gosto que elas decorem o texto lendo, porque fica muito mecânico. Então, leio para elas, com as intenções, até que decorem”, ensina ela. Apesar de adorar o trabalho com os pequenos atores, Rosana não esconde que sua principal paixão ainda é atuar. Atualmente, ela nem tem tempo para pensar em outra coisa, mas garante que um bom convite jamais seria recusado. “Eu sou atriz. Se surgir a oportunidade de um trabalho legal, eu faço, como tenho feito teatro e cinema”, garante, sem disfarçar o gostinho de “quero-mais” que os estúdios têm lhe deixado.

Voltar ao topo