A história do mais jovem bilionário do mundo

“As pessoas não gostam de você por ser um nerd, mas sim porque você é um babaca”. Com esta singela e agressiva frase, somos apresentados ao personagem que se transformou no mais jovem bilionário do mundo: Mark Zuckerberg.

Caso você não tenha ligado o nome à pessoa, trata-se de um dos criadores do site de relacionamento de maior sucesso no mundo: o Facebook. E é isso que trata o filme A rede social, do diretor David Fincher (Seven, Clube da luta e O curioso caso de Benjamin Button), que chega aos cinemas hoje. Com mais de 500 milhões de usuários, o site é uma febre em 207 países, incluindo o Brasil.

Mas para alcançar todos estes expressivos números, muita briga aconteceu para pôr o site em funcionamento, inclusive com amigos, tornando a premissa do filme muito atraente. Fincher não só concebeu um grande filme, mas também um dos seus melhores trabalhos cinematográficos.

O elenco afiado contribuiu para que o filme tenha se tornado esta hype em todo o mundo. A começar pelo protagonista, Mark, interpretado de forma segura pelo ator Jessie Eisenberg.

Sempre com seu ar blasé em relação aos seus semelhantes, o ator não deixa que seu personagem se transforme em uma caricatura. Com um humor deveras ácido, ele está sempre a zombar da inteligência alheia e parece viver em um mundo à parte, não se importando com sentimentos alheios.

Andrew Garfield, no papel do brasileiro e co-criador do Facebook, Eduardo Saverin, serve como o apoio, o contato de Zuckerberg com o mundo real. Com uma atuação carismática, Garfield, que vai interpretar a nova versão do Homem-Aranha nos cinemas, conquista o público logo de cara.

Dedicado e leal ao amigo, ele convence a todos que sofre com o modo com o tratamento dispensado pelo amigo e pela forma covarde em que é apunhalado. Justin Timberlake, como Sean Parker, e Armie Hammer, no papel dos gêmeos Winklevoss, também merecem destaque.

O primeiro pela grata surpresa que foi e também pela curiosidade de um cantor interpretar a pessoa que criou o site de compartilhamento de música Napster (responsável pelo caos na indústria fonográfica).

O segundo por se tratar ainda de um ator desconhecido, mas que estabeleceu um belo cartão de visitas aos irmãos que, segundo alegam, teriam tido a ideia por trás do Facebook.

Curioso notar que, mesmo diante da frase de abertura, dita por uma ex-namorada de Zuckerberg, e que reflete bem a sua personalidade, A rede social consegue prender nossa atenção de tal forma que não sentimos o tempo passar.

Sim, o criador do Facebook é odioso, nerd, arrogante, entre outros predicados impublicáveis, todavia, este gênio da computação possui uma inteligência fora do comum.

Fica complicado não sentir repulsa pelos seus atos e, ao mesmo tempo, admiração pela sua genialidade. A grosso modo, Zuckerberg é como se fosse um acidente grave de automóvel, em que buscamos não olhar a cena mas, movidos por uma curiosidade mórbida, acabamos dando uma espiada.

E se um filme assim, sobre uma pessoa no mínimo questionável consegue essa proeza, não seria exagero então afirmar que o filme é, sem medo de errar, um dos melhores lançamentos do ano, ao lado de A origem, de Christopher Nolan.