A farsa da cruz no Beto Batata

Depois de seis anos sem fazer uma individual, o artista plástico João Osório Brzezinski inaugura hoje, às 20h, uma mostra inédita no Beto Batata. Inédita na concepção e também porque as pinturas foram feitas diretamente sobre a parede do restaurante. Intitulada A farsa da cruz, a exposição faz parte das comemorações dos três anos do Beto Batata, casa que desde o início abriu suas portas para a arte, promovendo o trabalho de artistas plásticos, escritores, músicos e fotógrafos curitibanos.

Quase uma instalação, A farsa da cruz levanta questionamentos semiológicos a partir de objetos cruzes suspensas e sua projeção na parede com intervenções pictóricas. O artista “manipula” a sombra com giz pastel transformando suas formas e abrindo ao espectador novas interpretações. Na sombra manipulada, a cruz vira um castiçal judeu, uma suástica ou uma referência aos quadros de Mondrian, crucifica um homem ou um gorila. “A idéia é criar uma discussão entre signo e significado”, explica o artista.

Apesar de abordar um tema denso, João Osório acredita que a exposição cabe perfeitamente num espaço como o Beto Batata. “É em botecos que se debate e se resolve o destino do mundo”, brinca o artista. “Pela diversidade de pessoas e conversas num ambiente assim, cabe qualquer assunto. E o Beto Batata é o único restaurante que edita livros, uma coisa muito séria, muito boa e que ninguém faz. Às vezes nem o próprio Estado edita catálogos”, destaca. “O que o Beto Batata faz promove a arte. Acho muito valioso e, inclusive, imitável”.

Voltar ao topo