A apoteose das musas

Há exatas duas semanas, os estúdios da Globo no Rio de Janeiro mais pareciam a Passarela do Samba. As rainhas de bateria do grupo especial foram gravar as vinhetas que vão abrir o desfile de cada escola nos dias 22 e 23 de fevereiro. Embora cada abertura não demorasse mais que 15 minutos para ser gravada, o vaivém de musas, como as atrizes Deborah Secco, Luiza Brunet e Nana Gouveia, elevou a temperatura no Projac. Ao som de uma versão orquestrada de Aquarela do Brasil e de trechos do samba-enredo de cada escola, as 12 beldades faziam evoluções e mandavam beijinhos para as câmaras do diretor Aloysio Legey. Como se isso fosse possível, ele dava sugestões de passos e requebros para incrementar a performance das moças.

A primeira das 12 rainhas a gravar foi Deborah Secco. Este ano, a intérprete da manicure Darlene, de Celebridade, deixa de ser destaque para se tornar madrinha de bateria da Grande Rio, no lugar da apresentadora Luciana Gimenez, da Rede TV!. Em um ano repleto de “baixas” no Carnaval – como as de Luma de Oliveira, da Viradouro, e Luana Piovani, do Salgueiro -, Luiza Brunet continua à frente da bateria da Imperatriz Leopoldinense pelo nono ano consecutivo. Aos 41 anos, a modelo e empresária tenta explicar para as “novatas” a importância das rainhas de bateria no desfile das escolas de samba. “A rainha está ali para enfeitar. Mas ela tem de tomar cuidado porque, se atrapalhar a evolução do mestre-sala e da porta-bandeira, por exemplo, a escola pode perder pontos valiosos”, alerta. No dia da gravação, Luiza esbanjou desenvoltura à frente das câmaras. Nem parecia que a última vez que ela havia entrado em um estúdio foi em 1997, para gravar a novela Anjo Mau, recentemente reprisada no Vale a Pena Ver de Novo. “Se pudesse, retiraria as críticas que fiz a mim mesma naquela ocasião. Não acho que tenha me saído tão mal assim”, avalia.

Durante todo o dia de gravação, Aloysio Legey não encontrou maiores dificuldades para dirigir as vinhetas de abertura. A cada nova rainha de bateria que entrava no estúdio, ele alternava os movimentos de câmara e sugeria novas tonalidades para a iluminação no fundo do cenário. A mais desinibida delas parecia ser mesmo a atriz Nana Gouveia, ex-integrante da Casa dos Artistas, do SBT, que saudou a equipe técnica com um esfuziante: “Crianças, Tia Nana chegou!”. Longe da Globo desde Porto dos Milagres, a atriz tem se limitado a gravar Carga Pesada e A Turma do Didi. Das últimas vezes que visitou o barracão da Caprichosos de Pilares – que homenageia a apresentadora Xuxa no enredo deste ano -, Nana se espantou com sua inusitada popularidade junto ao público infantil. “Quando a Tia Xuxa não vai, as crianças ficam penduradas em mim. Virei a Tia Nana!”, ri.

Ao contrário de Luiza Brunet e Nana Gouveia, a rainha de bateria da Unidos da Tijuca, Fábia Borges, parecia levemente “deslocada” no estúdio. Tanto que, a todo momento, o diretor Aloysio Legey pedia que ela se soltasse mais e, principalmente, que sorrisse mais para as câmaras. O acanhamento de Fábia Borges, porém, se justifica. A modelo de 24 anos não tem qualquer experiência prévia na tevê. Nos dias que antecedem o Carnaval, ela não pensa em outra coisa senão em decorar o samba-enredo da escola e em estar gozando de boa saúde para agüentar os 80 minutos de desfile. “Até faço esteira e bicicleta, mas bom mesmo para manter o pique é samba no pé. Samba no pé, aliás, malha o corpo inteiro”, ensina ela.

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