Trio de Ferro e interior dão sinais de integração no Paraná

Uma das exigências dos clubes do interior para aceitar a fórmula do Campeonato Paranaense 2011 foi a de que todos os times da capital precisariam enfrentá-los como visitantes.

O acordo deu certo no arbitral realizado quarta-feira passada e pode ser o embrião de uma das iniciativas mais reivindicadas no Estado: a integração do povo do Paraná em torno do futebol local.

Até o momento, não houve negociação formal para um processo de coirmandade entre o Trio de Ferro e os clubes do interior. No entanto, em conversas informais, dirigentes do futebol paranaense chegam a fazer as primeiras propostas para combater o predomínio de torcedores de times do eixo São Paulo-Rio-Porto Alegre em território estadual.

O Roma Apucarana, por exemplo, planeja um programa de sócio torcedor e gostaria de trabalhar em conjunto com equipes da capital. “Poderíamos pensar em uma parceria, lembrando que até o momento nosso time está fora da disputa de torneios nacionais. Quem joga o Campeonato Brasileiro poderia contar com nossa ajuda na hora de cativar o torcedor, principalmente o mais jovem, para o restante do ano”, afirma o presidente do clube, Sérgio Kowalski.

Quem ainda não tem uma proposta faz questão de manter a boa vizinhança. “Com Atlético, Coritiba e Paraná jogando aqui, fica mais fácil de uma pessoa ter interesse em voltar a vê-los jogar e até mesmo comprar uma camisa. Se não vir, aí a garotada acaba mantendo o ciclo de torcer pelos times que passam na TV”, opina o diretor de futebol do Cianorte, Adir Kist.

A posição é a mesma do gerente de futebol do Arapongas, Sidiclei Menezes. “Nós estamos de portas abertas pra qualquer tipo de ação”. Apesar do otimismo de alguns, a precaução ainda existe.

“Torço pelo Atlético ir para a Libertadores e o Paraná e o Coritiba subirem para a Primeira Divisão. Isso valoriza nosso futebol, mas espero que essas parcerias possam um dia sair do papel, pois no futebol tem muita gente que fala certa coisa um dia e no outro finge esquecer”, ressalta o diretor de futebol do Paranavaí, Lourival Furquim.

Clubes da capital topam o desafio no interior

Sem títulos ou campanhas atraentes para cativar os torcedores do interior, os dirigentes do Trio de Ferro torcem para que a fórmula do Campeonato Paranaense 2011 os ajude a conquistar torcedores fora de casa.

Tal questão auxiliou até em uma maior flexibilidade no arbitral realizado semana passada na Federação Paranaense de Futebol, já que os clubes da capital consideraram a tabela inchada.

“Sempre existe a necessidade de ceder um pouco de cada lado”, disse o vice-presidente do Paraná, Aramis Tissot, concordando com a necessidade de melhor interação entre capital e interior.

A flexibilidade tricolor em relação à fórmula de disputa é a mesma do Coritiba. “Tecnicamente, e financeiramente, a tabela pode até ser ruim. Mas pensando no marketing não é”, conclui o vice-presidente do Verdão, Vilson de Andrade.

No ponto de vista do diretor de marketing do Atlético, Paulo Cesar Verardi, será uma oportunidade para os clubes conquistarem torcedores de faixa etária mais baixa.

“Já pensamos em um trabalho com as escolinhas no interior, levando as crianças participantes para entrar em campo com os jogadores antes das partidas”, disse, tendo como base a recente pesquisa Ibope/Lance!, que aponta o o Furacão com grande torcida na faixa etária de 10 a 15 anos.

Tímidas ações foram tentadas no passado

Antes mesmo do arbitral, os times da capital já buscavam -embora de forma muito tímida -um melhor relacionamento com o interior do Estado. Na Vila Capanema, por exemplo, a diretoria do Tricolor chegou a organizar a campanha S.O.S Norte Pioneiro, ocorrida no início do ano.

A campanha paranista ajudou parte dos afetados pelas enchentes que caíram na região, ignorando o abandono do time no Campeonato Brasileiro 2005, quando as partidas contra equipes paulistas foram realizadas em Maringá e a maioria dos presentes torceu contra.

Quem tentou recentemente uma melhor aceitação no interior foi a dupla Atletiba. Depois de perder um mando de campo pelo Brasileirão 2009, o clube do Alto da Glória escolheu Cascavel como casa. Mas não obteve sucesso e, apesar do maior contingente de torcedores da região ser de gaúchos, a torcida local escolheu apoiar o Santos.

Já o Atlético teve um pouco mais de “sorte” pelo mesmo problema de mandos. Escolheu Londrina para enfrentar o Fluminense, também em 2009, e recebeu o apoio de quase 10 mil torcedores, que na verdade foram ao estádio do Café prestigiar o jogo preliminar do time local – o Tubarão -, pela Série D do Brasileiro, mas acabaram ficando para apoiar o Rubro-Negro, ainda que parte tenha decidido torcer pelo tricolor carioca.