Sócio contesta truculência verbal de Petraglia

Ele teve a coragem que poucos tiveram: desafiar o todo-poderoso do Atlético. E desencadeou cena de destempero protagonizada pelo presidente do Conselho Deliberativo rubro-negro, Mário Celso Petraglia. O sócio Isaías Andrade disse ter sido ofendido aos berros e expulso da última assembléia do clube, e agora promete buscar reparação na Justiça.

O episódio causou constrangimento aos cerca de 200 associados que compareceram à assembléia da última segunda-feira, que prorrogou o mandato de Petraglia e João Augusto Fleury da Rocha até 31 de dezembro.

O auditor fiscal Isaías diz que é sócio rubro-negro há cerca de 50 anos e foi um dos fundadores do ETA (Esquadrão da Torcida Atleticana), embora garanta não ter mais vínculo com a organizada. Ele só aceitou conversar com a Tribuna pessoalmente e pediu para não ser fotografado. Num café da Boca Maldita, contou que a família teme pelo que possa acontecer após o incidente de segunda-feira.

Desde 2006, o sócio questiona junto ao clube a origem de cinco cadeiras no setor Getúlio Vargas superior, o mais nobre da Arena da Baixada. Quando descobriu que as cadeiras pertenciam ao diretor de marketing Mauro Holzmann, Isaías passou a exigir cópias do contrato e o registro contábil da cessão dos lugares.

Como as respostas do clube não o convenceram, Isaías decidiu questionar diretamente Petraglia na assembléia. Ele conta que pediu a palavra e expôs a situação de forma amistosa ao dirigente. ?Num certo momento ele (Petraglia) deu um murro na mesa e começou a gritar. Me chamou de canalha, vagabundo e sem-vergonha e me mandou sair da assembléia?, afirma. O sócio retrucou. Do lado de fora, repórteres que aguardavam o resultado da reunião perceberam que rolava um bate-boca, mas sem identificar o que era dito.

Isaías conta que seguranças do clube tentaram tirá-lo da sessão, mas antes disso ele resolveu sair espontaneamente. ?Não posso ser retirado da assembléia. Está no estatuto do clube. Mas os demais membros da mesa foram omissos e ninguém impediu?, afirma.

Desde então, o sócio afirma não ter recebido qualquer comunicado oficial de Petraglia ou do Atlético sobre o incidente. Mesmo assim, garante que continuará ocupando sua cadeira na Arena nas partidas do Furacão.

Isaías diz que não pertence a nenhum grupo político nem exerce oposição a Petraglia. ?Até concordo com ele em algumas coisas, como a necessidade de vender jogadores. Mas conheço meus direitos como sócio e não vou me calar, como fazem outras vaquinhas de presépio que dizem amém a tudo o que ele diz. O Atlético é dos sócios e da torcida, não do Petraglia. É certo que tomarei medida judicial contra ele?, afirma.

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