Sem Schumacher, F-1 seria mais “democrática”

São Paulo – Se Michael Schumacher não existisse, os últimos quatro mundiais de Fórmula 1 teriam tido quatro campeões diferentes, a McLaren seria considerada a grande força da F-1 com três títulos em quatro disputas e o campeonato deste ano teria, do líder Rubens Barrichello ao 4.º colocado, Fernando Alonso, diferença de cinco pontos.

Como Schumacher existe, ele lidera a temporada com sete pontos de vantagem para o segundo colocado e 11 para o quarto. Duas provas foram o bastante para, novamente, constatar que o alemão monopoliza a F-1 nos últimos tempos. Da primeira etapa de 2000, ano em que ele conquistou a primeira taça pela Ferrari, à corrida de domingo na Malásia, segunda de 2004, foram disputados 69 GPs. Sozinho, Michael ganhou 37 (53,6%). As migalhas foram para os outros.

Um exercício de ficção comprova que o grande fator de desequilíbrio da categoria, hoje, é o piloto alemão. Se num passe de mágica Schumacher pudesse ser eliminado de 2000, 2001, 2002 e 2003, a F-1 seria bem mais, digamos, “democrática”.

Em 2000, Mika Hakkinen conquistaria o tri com 107 pontos contra 88 de seu companheiro David Coulthard, uma diferença de 19 pontos. Teria vencido oito GPs na temporada. Schumacher foi campeão com 108 contra 89 de Mika, a mesma diferença, mas venceu uma prova a mais.

Em 2001, ano em que Michael encerrou prematuramente a disputa no GP da Hungria, a luta pelo título seria eletrizante entre Coulthard e Barrichello. O escocês terminaria o ano na frente com 86 pontos, apenas sete na frente do brasileiro. Naquela temporada, no entanto, Schumacher passeou: fechou a classificação com 123 pontos contra 65 de Coulthard, uma diferença gritante de 58 pontos. Michael venceu nove GPs. Sem ele, três pilotos teriam dividido a condição de maiores ganhadores do ano com quatro vitórias cada: Coulthard, Ralf Schumacher e Juan Pablo Montoya.

A temporada de 2002 foi a mais acachapante de todas. Schumacher fechou suas contas no GP da França, logo depois da metade do campeonato. Terminou o ano com 11 vitórias, 144 pontos, 67 na frente do vice, Barrichello, na maior diferença já registrada entre o primeiro e o segundo na história da F-1. Sem ele, Rubens seria o campeão com 101 pontos, mas apenas 28 na frente de Montoya, o vice. O brasileiro acumularia nove vitórias, demonstração clara da superioridade da Ferrari.

Schumacher só “colaborou” com a F-1 no ano passado. Disputando uma temporada irregular, errando mais do que o costume, terminou o campeonato apenas dois pontos à frente de Kimi Raikkonen, da McLaren: 93 a 91. Sem ele, o fin-landês já estaria comemorando seu primeiro título e com alguma folga. Fecharia o Mundial com 100 pontos contra 89 do vice, Montoya.

Não são apenas os números que levam à conclusão de que Michael “atrapalha” o bom andamento de uma modalidade que deveria ter disputas e vencedores se revezando com maior frequência. “O que está acontecendo é mágica”, falou Eddie Jordan, que tem a honra de ter dado o primeiro carro de F-1 ao alemão. “Não acho que seja algo ruim. É bom porque faz os demais tentarem ir adiante, evoluírem.” Para Eddie, é Schumacher quem faz a Ferrari ser tão forte. E usa Rubens Barrichello como comparação. “Michael é o melhor, brilhante. Veja o que aconteceu em Sepang. Na mesma situação e com o mesmo carro Rubens foi quarto colocado”, falou. E completou: “É um fenômeno”.

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