A temporada está só começando, mas Saulo de Freitas já revê seus conceitos. Adepto do 4-4-2, o treinador não descarta a possibilidade de recorrer ao sistema com três zagueiros. Ainda mais tendo no elenco jogadores com qualidade para atuar nessa nova disposição tática. Por enquanto, uma possibilidade, mas que pode tornar-se mais clara na disputa da Copa do Brasil, a partir de fevereiro. Logo na estréia, o Tricolor vai ao Norte do Brasil para encarar o desconhecido Trem-AP, em um gramado ruim, num estádio pra lá de modesto.
O 3-5-2 foi testado ontem, aproveitando a plena recuperação de Luís Henrique. O zagueiro mais regular do clube no último Brasileirão está curado de uma lesão no joelho esquerdo, sofrida durante a pré-temporada em São Bento do Sul. Uma opção que ?abriu portas? para o treinador. Como Leonardo Dagostini e Nem tiveram bom desempenho na estréia, o treinador já começou a arrumar uma vaga para Luís Henrique. Mesmo que para isso precise ?sacrificar? um dos meias. ?É uma idéia, mas a princípio não vou mexer na estrutura da equipe, não?, antecipou Saulo.
Só que uma eventual ausência de Cristian pode acelerar essa transformação tática do Paraná. O meia deixou o gramado, ontem, com dores na coxa esquerda e será reavaliado hoje pela manhã. Caso seja vetado, Saulo confirmará o Tricolor com três zagueiros. ?Foi só um desconforto. Vou pro jogo?, apressou-se em afirmar Cristian. Nesse caso, o meia passaria a atuar ao lado de outro armador. Saulo de Freitas antecipou a presença do garoto Giuliano como novo titular da camisa 8. Pior para o experiente Beto, que vai para o banco de reservas.
?Tentei utilizar a experiência do Beto nessa nova função contra o Toledo, mas não deu certo?, admitiu o treinador. Após pesar o que o time fez nas duas etapas do jogo passado – inicialmente com Beto e depois com Giuliano – o Tigre decidiu jogar as suas fichas no menino. ?Quero entrar para conquistar meu espaço. Jogador nenhum, mesmo jovem, gosta de ficar no banco de reservas?, disse Giuliano, que espera escrever sua história no clube não apenas como uma promessa. ?O Paraná sempre revelou atletas de qualidade e quero entrar nessa lista?, disse o garoto, que já tem no currículo quatro convocações para as seleções de base do Brasil.
A entrada de Giuliano não é a única mudança confirmada. Outro garoto, Araújo, entra na lateral-direita. Após atuar nas duas primeiras rodadas pelo ?expressinho?, o ala entra na vaga de André Luiz, vetado pelo departamento médico. O titular não chegou a sofrer lesão, mas diante da fadiga muscular apresentada, os médicos decidiram poupá-lo dessa partida para não correr riscos. ?Nesse início de temporada, é preciso Ter muito cuidado para não impor uma sobrecarga aos atletas?, justificou Saulo, que hoje comanda o último treino, aguarda a avaliação de Cristian e define o Paraná para o jogo em Cianorte, onde tentará a primeira vitória do ano.
Tricolor precisa vencer algoz Cianorte pra aliviar impaciência das arquibancadas
| Foto: Allan Costa Pinto |
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| O Tigre não desaprova planejamento e acha pressão natural. |
A primeira fase do Paranaense mal começou, mas o Paraná Clube já sente a pressão pelos maus resultados. Um reflexo previsível diante do rebaixamento do clube à Série B do Brasileiro. Se o torcedor mostrou alguma paciência com os meninos que atuaram nas duas primeiras rodadas, já teve um comportamento ?ácido? diante do tropeço do time principal frente ao Toledo.
Uma situação que comissão técnica e jogadores vão tentar driblar fora de casa, mas diante do seu maior algoz em se tratando de clubes do interior do Estado. O Tricolor jamais venceu o Cianorte em jogos oficiais. Nos quatro realizados (dois pelo estadual e outro pela Copa 100 Anos), foram dois empates e duas vitórias do Leão do Vale. O único triunfo do representante da capital ocorreu em amistoso, realizado em 2004.
Alheio ao tabu, Saulo de Freitas sabe que para mudar esse quadro, o Paraná só tem uma saída: vitória. ?É sempre assim com times rebaixados. O torcedor torce o nariz, fica mais crítico, a pressão é maior?, admitiu o treinador paranista. ?Mas confio nesse grupo que está sendo formado. O trabalho que estamos realizando foi bem planejado e os frutos virão?, assegurou Saulo, que garantiu não se arrepender de ter lançado mão de um time de juniores nas duas primeiras rodadas.
?Foi um risco calculado. Já fui atleta e só tenho uma certeza: não existe a mínima possibilidade de você treinar cinco dias e partir para um jogo oficial?, ponderou o treinador. ?Estamos hoje em desvantagem, mas a distância é pequena. Uma vitória muda tudo isso e já nos coloca numa zona de classificação à próxima fase, que é a nossa meta?, disse Saulo, deixando claro que a ele não importa ser primeiro ou oitavo colocado nessa fase preliminar.
Técnico do Leão do Vale pede fim da instabilidade
O técnico Cláudio Tencati espera ver diante do Paraná Clube o fim das oscilações de sua equipe. O Cianorte, na avaliação do treinador, tem um perfil ofensivo, mas que em alguns momentos lhe custou dificuldades. Em especial contra o Toledo, onde o Leão do Vale acabou goleado por 4×1. ?Marcamos sete gols nesses três jogos, mas levamos oito. Quero melhorar esse saldo?, disse o treinador o Paraná-Online.
Nessa busca pelo ponto ideal, o treinador pode promover a estréia do zagueiro Thiago – que passou por alguns clubes do interior paulista e foi repatriado do futebol libanês – e até adotar um 3-6-1. O último treino ocorre na manhã de hoje, quando Tencati vai dar ênfase às jogadas ensaiadas e cobranças de faltas. A provável escalação do Cianorte é a seguinte: Danilo; Jederson, Marcelo Lopes (Thiago), João Marcelo e Edimar; Wagson, Davi, Fábio e Fernandinho; Marquinhos e Neilson.