Recuperado, Coritiba exalta “grupo”

Foi melhor que a encomenda. A vitória de virada no clássico de domingo colocou o Coritiba de vez no rumo. Depois do mau início no campeonato brasileiro, as três vitórias seguidas serviram de ?arrancada?, mesmo que um pouco atrasada. Mais: a reabilitação foi completa, atingindo todos os níveis do futebol alviverde. O algumas vezes questionado técnico Paulo Bonamigo se viu, finalmente, acompanhado por um elenco, todo ele motivado para o que vem pela frente.

A grande crítica que se fez ao Coritiba nos últimos tempos é que, principalmente no campeonato estadual, havia apenas um time titular, e que as opções de banco de reservas seriam insuficientes para uma disputa nacional. A tese teve reforço com os primeiros quatro jogos do Cori no brasileiro (três derrotas e um empate), tanto que a diretoria correu para contratar reforços.

Os maus resultados deixaram o ambiente no clube mais suscetível às críticas. Especulou-se inclusive que Bonamigo poderia ser demitido, mas ele ficou. “Nós trabalhamos olhando para vários fatores, não apenas os resultados. Na derrota para o Cruzeiro, percebemos que o time estava evoluindo”, afirma o secretário Domingos Moro. Verdade. Dali em diante, foram três vitórias, com atuações convincentes contra Atlético-MG e Paraná.

Para completar, a virada no clássico redimiu jogadores criticados, como Edu Sales (ver matéria) e Marcel, e o próprio treinador, que exercitou mais uma vez a capacidade de mudar o jogo no intervalo. “Eu fico feliz porque nós não podemos ter apenas onze jogadores, e sim um grupo mobilizado, percebendo que todos serão importantes em uma longa competição”, comemora Bonamigo.

Essa era a grande preocupação do técnico nos últimos dias. Tanto Edu quanto Marcel (os dois principais jogadores a perderem a vaga no time titular) sentiram a decisão e caíram de rendimento até nos treinamentos. A recuperação de ambos contra o Paraná talvez tenha alegrado mais o treinador que os próprios jogadores. “Eles sempre demonstraram condições de jogar no Coritiba. Mas às vezes o momento de outros atletas é melhor, e por isso há a mudança”, justifica o treinador.

E, além disso, o sentido de grupo foi reavivado. “Logo após o jogo do Cruzeiro, disse que não aceitaria mais que o individual sobrepujasse o coletivo. E isso não foi mais visto dentro do Coritiba”, comenta o secretário coxa. A atitude citada por Domingos Moro – a de Fabrício, que evitou fazer falta para não ser expulso, em lance que originou o gol da vitória da Raposa – foi a gota d?água para muitos no Alto da Glória. E foi também o primeiro passo rumo à recuperação.

Volta

Bonamigo poderá contar com Roberto Brum e Pepo na partida de domingo, 18h, contra o Grêmio, no Estádio Olímpico – os dois meio-campistas cumpriram suspensão na partida de domingo. Em contrapartida, Danilo, que foi expulso no clássico, fica de fora. Em seu lugar, joga Odvan, que fará sua estréia ?oficial?, já que contra o Paraná ele atuou por apenas cinco minutos e sequer tocou na bola.

Edu “complica” vida do técnico no 2.º tempo

Ele voltou. Aquele Edu Sales que encantou a torcida do Coritiba nos primeiros jogos do campeonato paranaense reapareceu em alto estilo no domingo, tornando-se a estrela maior do clássico. Marcando um gol e atazanando a defesa paranista com dribles e muita velocidade, o atacante recuperou-se ante os torcedores e deu uma virada em sua trajetória no Alto da Glória.

A entrada de Edu Sales no jogo era prevista. O técnico Paulo Bonamigo o incluíra no mistério que criara para a escalação alviverde, e quando o treinador anunciou no intervalo que iria mexer no time, era certo que seria o atacante a entrar no jogo. Mas ninguém (talvez nem mesmo Bonamigo e o próprio Edu) imaginava que a recuperação do atacante seria tão espetacular.

A movimentação imprimida pelo atacante nos 45 minutos em que atuou atarantou a retaguarda do Paraná, que tentou em vão pará-lo. Quando tentou, abriu espaços para outros jogadores – no primeiro gol, Adriano teve espaço e condições para fazer a jogada e o cruzamento. Para marcar, lá estava Edu, chutando com muita força, quem sabe para mandar a má fase para bem longe. “O gol foi muito importante, porque eu fiz boas atuações mas não conseguia marcar”, confessa o jogador.

Para confirmar a recuperação, Edu Sales conseguiu chegar a uma bola perdida para cruzar para Marcel marcar o gol da virada – e também se reencontrar com a alegria. “Eu fico feliz de poder ajudá-lo. Nós conseguimos o título paranaense, mas depois não mantivemos o mesmo ritmo”, diz Edu.

Agora, eles passam o problema para Bonamigo. “Temos muito tempo até o domingo. Podem jogar os dois, pode jogar apenas um ou pode não jogar nenhum”, afirma o treinador. “Todos nós podemos nos considerar titulares, porque o elenco é forte”, garante Edu Sales. Para ele, o importante é estar no grupo – e cheio de moral.

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