Rebaixamento é palavra proibida no Paraná

“O objetivo é tirar o pé da cova.” Bem humorado, o técnico Paulo Campos voltou ao lugar de onde, segundo ele, não deveria ter saído. Exatos dois meses após ser demitido, ele reassumiu o comando técnico do Paraná Clube com a meta de livrar o time do rebaixamento. Na coletiva, disse que esta era a primeira e última vez que usaria esta palavra. “Quero tirar do meu vocabulário esse termo. Não falaremos em rebaixamento e sim em confiança e muito trabalho para reverter o quadro atual. O Tricolor é lanterna do brasileirão e precisa de um aproveitamento de 50,88% nas dezenove rodadas restantes para escapar da degola.

Desta vez, o trabalho de Paulo Campos não é “uma incógnita”. O técnico dirigiu o Paraná ao longo de onze rodadas e obteve 13 pontos, com 39,39% de rendimento. “Fui pego de surpresa, pois é um fato inédito um treinador voltar na mesma competição ao clube do qual foi demitido”, disse. No ano passado, o Tricolor até viveu situação parecida, com Saulo de Freitas comandando o time em dois períodos distintos. Porém, na primeira passagem, Saulo era somente “técnico interino”. Paulo Campos disse ainda que “nunca largou o barco”. Quando se desligou do clube, logo após o empate com o Coritiba, o treinador declarou que estava saindo para evitar a discórdia entre dirigentes.

“Fiz isso para proteger o clube, proteger a diretoria. Fui comunicado à noite, em minha casa, que eu estava fora”, revelou. “Fiquei muito triste, pois sabia que vínhamos evoluindo e o rendimento já era bom.” Paulo Campos encontra, agora, um grupo modificado, em relação àquele elenco que com ele trabalhou. “Perdemos a continuidade e isso é ruim. Mas, o grupo está mais qualificado”, disse. Campos elogiou o trabalho de Gílson Kleina, dizendo que trata-se de um treinador jovem e de grande profissionalismo. “Ele foi vítima do momento, pois não teve tempo para ajustar o elenco.”

Campos foi enfático sobre o maior problema do Paraná Clube. Não precisou de muito tempo no vestiário e no campo para sentenciar: “A cabeça está ruim”. Acreditando que com um trabalho psicológico intenso o quadro poderá ser revertido, Paulo Campos já anunciou a volta de Gilberto Gaertner ao dia-a-dia do Tricolor. O psicólogo havia ficado à margem do processo desde a troca no comando técnico e só ministrou palestras ao grupo antes dos jogos contra Paysandu e Vitória. Paulo Campos, desta vez, acertou contrato mais longo, até o término do paranaense, e com multa rescisória.

Dirigentes não rebatem as acusações

Acusados abertamente -de traição ou omissão – pelo ex-dirigente Durval Lara Ribeiro, o presidente José Carlos de Miranda e o vice de futebol José Domingos evitaram polemizar o assunto. Miranda tratou o caso como “declarações apaixonadas de quem não separa a emoção da razão”. O presidente acredita que tudo não passou de um rompante de Vavá, que logo voltará a colaborar com o clube. Zé Domingos deixou nas entrelinhas que as declarações de Ribeiro o magoaram, mas reafirmou não ter brigado com ninguém. “O mais importante é que o clube deve seguir seu caminho.”

Nos próximos dias, José Domingos deve definir novos diretores para o departamento de futebol. O fato é que a saída de Vavá motivou a imediata reaproximação de ex-presidentes, “inimigos” políticos de Vavá. “A casa ficou mais aberta”, disparou Ocimar Bolicenho, que ontem foi à Vila Capanema, prestar apoio a Miranda. “Não sei de onde surgiu essa bronca. Mas, sem querer comparar, estou no clube desde 1984 e já fui presidente. Ele foi o que?” Além de Bolicenho, Aramis Tissot também estará mais presente ao clube. Os dois, porém, descartam a possibilidade de assumirem cargos.

“Tenho compromissos profissionais que me impediriam de voltar. Mas, vou colaborar no que for possível. É difícil, mas não impossível e então é preciso que haja união de todos os paranistas”, finalizou Ocimar.

Torcida danifica carros

O tropeço em casa, frente ao Juventude, gerou protestos violentos de um grupo de torcedores. Eles invadiram o pátio do Durival Britto, no sábado à noite, e danificaram os carros do atacante Didi, do lateral Edinho, do meia Cristian e do lateral Etto. Portas foram riscadas – com a palavra “vergonha” – e pneus esvaziados.

“Já vivi uma situação parecida quando estava no Corinthians, logo após uma derrota para o Santos”, comentou Didi. “É chato, mas enquanto só há danos materiais a gente resolve. O problema é se ocorrer algo mais sério, até com nossas famílias, que sempre estão presentes. Didi sequer estreou com a camisa tricolor.

Até o momento, não houve a liberação do Ituano, com quem o atacante tinha contrato em vigência. Oliveira Júnior quer compensação para liberar a documentação do atleta. O vice José Domingos espera que o caso seja resolvido até o fim da semana para que Didi possa estrear no jogo frente ao São Paulo. O dirigente confirmou ainda que devem contratar um zagueiro e um atacante. Vando (ex-Goiás e atualmente no Vila Nova), Ageu e Max Sandro são algumas das opções.

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