Real Brasil ainda não pagou dívidas

Não deu em nada a tentativa de acordo proposta pelo representantes do Real Brasil para solucionar a pendenga com Aymoré Hotel. Leia-se pendenga como falta de pagamento do contrato de quatro meses feito entre as duas partes. Na manhã de quarta-feira, Maria Helana Batista, proprietária do Aymoré, chamou a polícia e fez um boletim de ocorrência contra o clube. No meio da tarde o advogado Alexandre Chemin, representante do Real Brasil, foi ao hotel e disse que tinha recebido uma determinação de ?buscar um acordo com a proprietária?. Na conversa com Maria Helena e sua advogada, ficou acertado que ao ?meio-dia de ontem, eles iriam a um cartório da cidade para lavrar um acordo?. Nessa composição para o pagamento das dívidas mensais do hotel – hoje estimadas em torno dos R$ 90 mil – estaria incluído um carro da marca Mercedes, que equivaleria, segundo Chemin a R$ 30 mil. O restante da dívida seria parcelada.

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Os quatros cheques mexicanos assinados por Aurélio Almeida.

Mas o encontro que estava marcada para a hora do almoço, foi transferido para o meio da tarde. Chemin foi substituído por um outro advogado indicado por um empresário ligado ao presidente do Real Brasil. A reunião aconteceu num cartório entre 15 e 19 horas. ?Mais uma vez não deu em nada. Ficou para a próxima quarta-feira (26 de março)?, disse Maria Helena. Sobre a prometida Mercedes como parte do pagamento, a proprietária do hotel disse que ?ficou só na promessa?. Ela nem chegou a ver a cor do carro, muito menos o dinheiro equivalente. ?Eles me disseram que o Aurélio tinha vendido o carro, e iria agora esperar compensar o cheque?, completou Maria Helena.

Ainda sobre a permanência dos jogadores e atletas do projeto ligado ao Real Brasil, a dona do hotel isenta eles de qualquer culpa. ?Eles não fizeram nada de errado. Também estão sendo iludidos?, disse. Maria Helena disse que deverá tomar novas providências na próxima semana.

Tem cheque mexicano na praça

O Real Brasil instalou-se no hotel dia 5 de janeiro, e fez um contrato de quatro meses para permanência no local, ocupando 27 dos 29 apartamentos para jogadores do profissional, comissão técnica e integrantes do ?Projeto Profissional do Futuro?. O clube que pertence ao empresário Aurélio Almeida não fez o pagamento de nenhuma das parcelas estipuladas no contrato. Isto é, como garantia de que iria honrar o compromisso, deu quatro cheques no valor de 143 mil pesos, do Banco Nacional do México – Banamex, agência de Puebla. Os cheques estão pré-datados para 5 de fevereiro, 5 de março, 5 de abril e 5 de maio. Porém para efeitos legais e financeiros, os cheques mexicanos não têm valor comercial no Brasil.

Nesse período – de 5 de janeiro até ontem-, parte das despesas do hotel, como luz, água, telefone e limpeza das instalações estavam sendo bancadas pela própria dona do estabelecimento. Em alguns períodos, luz, água e telefone foram cortadas. Alguns dos pagamentos foram feitos com cheques dados por integrantes do projeto do Real Brasil.

O hotel tercerizou o restaurante para o próprio clube que estava responsável pelas alimentações – café da manhã, almoço, jantar e lanche noturno – dos atletas e comissão técnica.

Liberados pra Páscoa. E depois?

Dispensados desde a manhã de ontem, para passarem o final de semana e Páscoa com os familiares. Mas com a missão de se reapresentarem na 2.ª-feira. Essa foi a orientação dada para os jogadores do Real Brasil e atletas que participam do ?Projeto Profissional do Futuro?. Ou pelo menos para quem ainda estava no Aymoré Hotel, no centro de Curitiba, lugar locado pelo clube que serve de alojamento e concentração do time.

Mas pela disposição apresentada pelos atletas, poucos ainda deverão retornar no início da próxima semana. Os jogos das categorias de base do Real Brasil, na 49.ª Copa Tribuna que começa amanhã – matéria página 29-, foram cancelados. O primeiro jogo do time seria contra o Atlético Paranaense.

Enquanto arrumavam as malas, os atletas do projeto do clube tentavam buscar informações sobre o futuro, e o que fariam depois. A incerteza dizia respeito também ao local aonde deveriam se reapresentar. ?Nos disseram para voltar aqui (Aymoré Hotel). Mas talvez nos levem para outro lugar?, disse um dos jovens jogadores, que pediu para não ter o seu nome citado para evitar problemas com a direção do Real Brasil.

Sobre a situação do clube, que esta inadimplente com o hotel desde janeiro deste ano – matéria nesta página – o jovem atleta disse que ?a situação como um todo estava ruim?. ?Não treinamos direito, nem estamos jogando. E tem ainda essa história da suspensão de um ano de qualquer atividade esportiva. Em casa, vou conversar com o meu pai sobre tudo isso?, disse o jogador que esperava por melhores dias na sua estada em Curitiba.

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