Lendas vivas

Rafael alertou que não existe Atletiba festivo

O presidente do Coritiba Evangelino da Costa Neves e Hélio Alves – que passou por quase todos os clubes importantes do futebol paranaense – têm, os dois, em seus currículos, glórias sem fim. Mas até hoje ninguém sabe de onde eles tiraram a ideia de jerico de comemorar a conquista coxa do primeiro título brasileiro e a conquista atleticana do estadual de 1985 num Atletiba amistoso. Como se existisse Atletiba amistoso. Melhor, ainda, festivo. Como se existisse Atletiba festivo.

O jogo era para ser de troca de faixas. Rafael diz: “Eu avisei o Evangelino e depois avisei o Hélio Alves. Isso não vai dar certo. Não se faz festa com inimigo. Vocês estão brincando com fogo. Não existe Atletiba amistoso. Eu não queria o jogo. Mas eles insistiram”, conta Rafael Cammarota, campeão brasileiro pelo Coxa e bicampeão estadual pelo Atlético.

E o amistoso foi confirmado para o dia 27 de novembro de 1985, no estádio Couto Pereira. A coisa não começou bem com o clima. Choveu, o tempo ficou feio e pouca gente apareceu no estádio. A renda foi para o vinagre. E quanto ao jogo, para Rafael, foi ‘uma baba’. Só faltava dar uma bela confusão. E foi o que aconteceu. Com a bola rolando a coisa ficou mais feia porque aos 42 minutos do primeiro tempo, Nivaldo abriu o marcador para o Atlético. E aí começou a confusão, que foi o que daquela partida entrou para a história.

Jogadores do Coxa foram para cima do árbitro, alegando irregularidade. Era amistoso, mas o juiz expulsou dois jogadores do Coritiba: Edson e Gomes. Com dois jogadores a menos, embora fosse amistoso e o Coritiba percebeu que poderia perder o jogo das faixas, os seus jogadores começaram a simular contusão, para encerramento prematuro do prélio. O pessoal do banco sumiu e o juiz terminou a partida.

Rafael, um dos ‘contundidos”, foi julgado com extremo rigor e condenado pelo STJD. Ele pegou um gancho de 180 dias. E esta foi a alegação usada pelo técnico Telê Santana para não convoca-lo para a Copa do Mundo de 1986. “Eu sabia que estava convocado. O Renê, filho do Telê Santana, tinha me ligado. Ele disse: você está convocado. Era o Carlos e eu. A lista tinha outros nomes: o Paulo Vítor e o Gilmar do Bangu. Mas o Carlos e eu éramos os primeiros”, conta Rafael.

O certo é que depois daquele amistoso nada amistoso, a canoa virou para o lado do goleiro. “Quando eu cheguei em casa, minha mulher Rosina estava chorando. Ela disse: Rafael, você perdeu hoje o seu lugar na seleção. E perdi mesmo”.