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Presidente do Vasco articula a criação de nova organização de clubes no Brasil

Ainda está em fase bem embrionária, mas começa a nascer no futebol brasileiro um movimento para unir os clubes em torno de temas de interesse comum, como calendário e cotas de transmissão dos jogos. Por enquanto, não se fala em criar uma associação formal, nos moldes do que foi o Clube dos 13. Mas a ideia, que vem sendo difundida pelo presidente do Vasco, Alexandre Campello, é fortalecer as agremiações.

“Já começa a ter (a movimentação). Mantive conversas com outros presidentes. A ideia é que a gente comece a fazer alguns encontros para aglutinar, trazer as pessoas para discutir assuntos comuns aos clubes”, revelou Campello nesta quarta-feira, em São Paulo, durante a segunda edição do evento “Governança e Transparência no Esporte”, realizado pela BDO, empresa de consultoria.

O dirigente lembrou que existe um movimento semelhante dos diretores financeiros dos clubes, que há pelo menos dois anos têm se reunido periodicamente para debater temas comuns à área, trocar experiências e propor iniciativas e soluções para problemas cotidianos. “Mas acho que isso (a união dos clubes encabeçada por seus presidentes) tem que ser mais abrangente.”

Campello assumiu o Vasco no início do ano passado e é um dos representantes da “nova safra” de dirigentes do futebol brasileiro. E acredita ser possível aglutinar os clubes. “A relação entre os presidentes normalmente é boa, amistosa, mas falta uma aproximação maior, para que tratem de assuntos que sejam de interesse comum. Entendo que hoje existe uma transformação no futebol. Quem está assumindo o futebol tem uma visão diferente da que existia no passado. Acho que é o momento de os presidentes de clube pensarem em se unir para serem tratados, de forma coletiva, assuntos de interesse dos clubes.”

O presidente do Vasco – que quando assumiu o clube diz ter encontrado uma dívida de R$ 640 milhões, parte significativa dela de curto prazo, vem renegociando valores, mas admite ainda estar com a “corda no pescoço” -, não revelou com quais mandatários de times já conversou. Mas ainda não falou com Andrés Sanchez, do Corinthians, que sempre se vangloriou de ter “implodido” o Clube dos 13.

A entidade, fundada em 1987 e que no ano seguinte passou a cuidar exclusivamente da negociação dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, deixou de existir na prática em 2011. Na época, os 20 clubes a ela filiados estavam divididos por causa da reeleição do ex-presidente do Grêmio Fábio Koff à presidência, ocorrida no ano anterior. Koff venceu Kleber Leite, ex-presidente do Flamengo, e que tinha o apoio do então presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

Com a divisão, Andrés Sanchez, presidente do Corinthians e que estava ao lado da dupla Teixeira/Leite, passou a minar o Clube dos 13. Em fevereiro de 2011, pediu a desfiliação da entidade, alegando não concordar com a maneira como estavam sendo negociados os direitos de transmissão do Brasileirão de 2012 a 2014. Entendia ser prejudicial ao Corinthians. Em seguida, vários clubes, entre eles Flamengo, Fluminense, Vasco e Santos, passaram a negociar diretamente os seus direitos. Isso esvaziou o Clube dos 13, que em consequência deixaria de atuar.

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